Ricos que compraram títulos do Banco Master devem tomar calote; entenda

Atualizado em 26 de novembro de 2025 às 12:06
Daniel Vorcaro, dono do Banco Master. Foto: reprodução

Investidores que aplicaram mais de R$ 250 mil em títulos do Banco Master — instituição liquidada pelo Banco Central após sucessivos escândalos envolvendo seu presidente, Daniel Vorcaro — devem ficar no prejuízo. O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) cobre apenas valores até esse limite.

Acima disso, os aplicadores entram na fila como credores quirografários, categoria que só recebe se sobrarem recursos após o pagamento de dívidas trabalhistas, tributos e créditos com garantia.

A liquidação do Master desencadeou o maior resgate da história do FGC: 1,6 milhão de credores estão habilitados a receber até R$ 41 bilhões. A ampla maioria dos investidores conservadores — com CDBs, LCIs e Letras Financeiras dentro do piso de proteção — está coberta. Porém, quem aplicou acima de R$ 250 mil, cerca de 1% da base, não tem garantia alguma de recuperação.

O cenário é considerado adverso porque o banco enfrenta um rombo patrimonial e há suspeitas de destruição deliberada de valor e manipulação de balanços. A apuração deve arrastar a recuperação judicial por anos, reduzindo ainda mais as chances de os grandes investidores recuperarem parte substancial do que aplicaram.

Banco Master oferecia retornos muito acima do mercado

Antes de ser liquidado, o Master já chamava atenção por oferecer CDBs com remuneração muito superior à média — como 140% do CDI — enquanto ampliava rapidamente sua base de depósitos protegidos pelo FGC. A estratégia levantou suspeitas de que a instituição buscava atrair volume de caixa para honrar compromissos no curto prazo.

A situação se agravou após o Banco Central vetar a venda do Master ao Banco de Brasília (BRB), negócio impulsionado pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).

O veto acendeu o alerta sobre a real qualidade dos ativos, que agora são suspeitos de terem sido maquiados como “bons”. Já Vorcaro foi preso pela Polícia Federal (PF), sob suspeita de fraudes financeiras.

Fachada do Banco Master em São Paulo. Foto: reprodução