Rival de Guaidó se autoproclama presidente do Parlamento na Venezuela

Atualizado em 5 de janeiro de 2020 às 17:58
Luis Parra se autoproclamou neste domingo (5) presidente do Parlamento da Venezuela. Foto: AFP

Publicado originalmente no site RFI

O deputado Luis Parra se autoproclamou neste domingo (5) presidente do Parlamento da Venezuela. A sessão foi realizada sem a presença de seu rival, Juan Guaidó, que tentava se reelger, mas foi impedido de entrar no Palácio Legislativo. A oposição qualifica o ato de “golpe de Estado parlamentar”.

Durante mais de quatro horas Guaidó e deputados da maioria opositora tentaram, sem sucesso, entrar no Palácio Legislativo, bloqueado por piquetes policiais e militares. Apenas os deputados do chavismo e os críticos do líder opositor conseguiram entrar no prédio.

Enquanto Guaidó estava do lado de fora, imagens de Parra prestando juramento com um megafone na tribuna presidencial foram exibidas pela TV estatal VTV. Em meio a gritos que tornaram o discurso inaudível, ele prometeu “sair desta desgraça”.

A conta da Assembleia Nacional no Twitter informou que a proclamação de Parra foi feita “sem votos ou quórum”, enquanto a assessoria de imprensa de Guaidó classificou a ação como um “golpe de Estado parlamentar”.

Parra foi excluído de seu partido

Parra é acusado de ter feito lobby junto a autoridades de Colômbia e Estados Unidos para livrar de responsabilidade o empresário colombiano Carlos Lizcano em casos de suposto custo extra na importação de alimentos para o governo de Nicolás Maduro. Ele foi excluído de seu partido após a denúncia, mas afirma continuar se opondo a Maduro.

A reeleição de Guaidó como presidente do Parlamento era vista como uma oportunidade para o opositor, que sofre de uma queda de popularidade, dar um novo impulso em seu projeto político. Foi se apoiando no cargo de chefe do Parlamento que ele se autoproclamou presidente interino, em janeiro do ano passado, sendo reconhecido em seguida por cerca de 50 países, entre eles os Estados Unidos.

Antes da tumultuada sessão parlamentar, Guaidó afirmou que dispunha de votos necessário para ser reeleito. “Os que impedem a legítima instalação do Parlamento venezuelano se tornam cumplices da ditadura e dos que oprimem o povo venezuelano”, declarou em seguida nas redes sociais.