RJ: 10 anos depois, policiais condenados no caso Amarildo ainda atuam na corporação

Atualizado em 14 de julho de 2023 às 0:27
Pessoa segurando vela e vestindo camisa questionando desaparecimento de Amarildo
Amarildo foi sequestrado, torturado e assassinado por Policiais Militares da UPP da Rocinha em 2013 – Agência Brasil

Dez anos se passaram desde o assassinato do ajudante do pedreiro Amarildo de Souza. Em 2016, 13 policiais militares foram condenados por tortura seguida de morte, ocultação de cadáver e fraude processual. Seis deles seguem atuando na corporação, segundo reportagem do portal G1.

Nesta quinta-feira (13), a ONG Rio de Paz realizou um ato na praia de Copacabana, na zona Sul do Rio de Janeiro, para marcar os dez anos do caso. O movimento colocou manequins na areia simbolizando cada ano do desaparecimento de Amarildo e tantas outras vítimas desse tipo de violência. Segundo a ONG, o estado registra cinco mil desaparecimentos por ano.

Em 14 julho de 2013, Amarildo foi sequestrado, torturado e assassinado por policiais militares da Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha. O corpo até hoje não foi encontrado e nenhum familiar do pedreiro indenizado, apesar de decisão favorável da Justiça.

Somente em agosto de 2018, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) julgou o caso, fixando as indenizações em R$ 500 mil para a viúva e para cada um dos seis filhos de Amarildo, além de R$ 100 mil para a irmã. O caso foi parar no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que manteve a decisão.

O caso ganhou ampla repercussão, mobilizou a sociedade civil e marcou o início da derrocada da política de segurança baseada nas UPPs.

De acordo com a Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap), nenhum dos condenados está preso dez anos depois do desaparecimento do corpo de Amarildo. Os condenados foram para diferentes unidades do sistema prisional e quatro PMs foram absolvidos em março de 2019.

Cartaz feito para divulgar as buscas de Amarildo. Reprodução

Condenados

Entre os policiais condenados que continuam no quadro ativo da Polícia Militar, está o comandante da UPP na época, o major Edson Raimundo dos Santos, que teve a maior pena entre os acusados: 13 anos e sete meses. Em regime de liberdade condicional, ele trabalha na Diretoria Geral de Pessoal.

Outro condenado foi o então subcomandante da UPP Rocinha tenente Luiz Felipe de Medeiros, condenado a 10 anos e sete meses de prisão. Atualmente, ele trabalha no Centro de Abastecimento de Insumos de Saúde da Polícia Militar.

Segundo a Justiça, o soldado Jairo da Conceição Ribas não atuou diretamente na tortura, mas garantiu que o crime fosse cometido vigiando o entorno. Já o soldado Fábio Brasil da Rocha da Graça participou da abordagem e condução de Amarildo à sede da UPP. Os dois foram reintegrados à Corporação após decisão judicial em outubro de 2021.

Por fim, Thaís Rodrigues Gusmão que apagou as luzes para diminuir a visibilidade do local do crime sob ordem do major Edson, e a secretária Rachel de Souza Peixoto, que vigiou a sede da UPP durante a tortura, trabalham na Policlínica da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Publicado originalmente em Brasil de Fato

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