Rocinha, Israel e Maré: as próximas favelas que devem ser alvo de megaoperações no Rio

Atualizado em 6 de novembro de 2025 às 7:28
Presos na megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio. Foto: Mauro Pimentel/AFP

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou que há dez novas operações policiais já programadas para as próximas semanas, com autorização judicial, nos moldes da megaoperação realizada nos complexos do Alemão e da Penha, que deixou 121 mortos e 99 presos. As informações foram divulgadas pelo colunista Lauro Jardim, de O Globo.

“Temos mais dez operações agendadas”, declarou o governador, em meio ao aumento da pressão sobre o governo estadual por conta da letalidade das ações policiais.

Segundo Castro, as próximas incursões seguirão o modelo da Operação Contenção, realizada na semana passada, e miram favelas com alto poder de resistência, como a Rocinha, a Cidade de Deus, o Complexo da Maré e o Complexo de Israel — que reúne Vigário Geral, Parada de Lucas e Cidade Alta.

Além das operações, Castro confirmou que em dezembro deve começar uma ação de retomada de territórios em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio. Já a partir da próxima semana, de cinco a dez grupos de policiais farão incursões diárias na zona sudoeste e na Baixada Fluminense para remover barricadas erguidas por facções criminosas.

O secretário de Segurança Pública, Victor Cesar Carvalho dos Santos, afirmou que a Rocinha, uma das maiores favelas do país, é hoje um dos principais entrepostos do tráfico no estado. Segundo ele, a comunidade abriga cerca de 800 traficantes e funciona como um “bunker” do Comando Vermelho.

Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro. Foto: reprodução

“Trabalhamos de forma articulada. Demos suporte e protegemos os promotores do Ceará, que constataram o edifício que funcionava como bunker dos criminosos”, disse Santos, relembrando uma operação de junho em que 400 traficantes fugiram pela mata durante uma ação policial.

De acordo com o secretário, o controle da favela está dividido entre diferentes grupos. O chefe do tráfico local, John Wallace da Silva Viana, conhecido como Johnny Bravo, comanda a parte inferior da comunidade.

O lado esquerdo da parte alta foi entregue a criminosos cearenses, enquanto o lado direito está sob o domínio de Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha. “Essa divisão acaba descentralizando um pouco a administração”, disse Santos. “Mas o controle continua com Johnny Bravo, que recebe pelo arrendamento do espaço. Tudo é lucro”,

Durante reunião com o secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, o governo do Rio acertou apoio técnico da União para rastrear o fluxo financeiro das facções e conter o tráfico de armas pesadas. “É fundamental seguir o dinheiro”, afirmou Santos, destacando que a entrada de fuzis no estado será um foco central das investigações.

Além disso, o governo estadual terá de apresentar até 20 de dezembro o plano de ocupação permanente das comunidades, em cumprimento à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da ADPF das Favelas, que exige medidas para reduzir a letalidade policial.

Dentro desse contexto, a Secretaria de Segurança determinou que 30 órgãos estaduais enviem informações sobre projetos e equipamentos públicos em comunidades de Jacarepaguá, como Gardênia Azul, Muzema e Rio das Pedras. Essas áreas foram “priorizadas para o Plano de Reocupação Territorial”, segundo documento publicado no Diário Oficial.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.