
Prometi não falar tão cedo de futebol, mas.
Bem, o fato é que notei no Hyde Park, no show de Rod Stewart, uma coisa estranha pintada no círculo da bateria que dá para a pletéia. Letra verde. Football club.
Um momento. Um distintivo?
Eu estava longe para ver direito. Tentei algumas vezes fixar os olhos na bateria, mas nada. Além do mais, Rod em geral cantava exatamente na frente dela.
Só quando ele cantou “You are in my heart” é que entendi. Enquanto ele cantava, cenas do Celtic, time escocês, iam sendo projetadas para a platéia. “Nossa pai, pensei que ele estivesse pensando em alguma mulher nessa música”, riu minha caçula Camila.
Talvez um dia estivesse. Mas agora a homenagem era ao Celtics. Por coincidência tinha comprado semanas antes a camisa do time para meu afilhado Davi. Imagino que ele vá ficar feliz ao saber que é o time amado tão intensamente por Rod Stewart. Claro que minha caçula também quis a camisa do Celtics depois do concerto.
A voz ainda rouca de Rod fechou na noite de domingo o Hard Rock Calling, um festival anual de três dias. No ano passado, o fechamento coube a Paul McCartney. Também estava lá.
Rod fez o que lendas como ele devem fazer. Não tocou nenhuma música nova. Só as clássicas, tanto de seus dias jovens de rock como, depois, de sua época mais comercial e pop. Foi de Maggie Ma e Hot Legs, dos primeiros tempos, até Sailing and I Don’t Want Talk About It, da segunda fase.
Aos 66 anos, ele tem todos os truques do palco. Mulheres jovens e bonitas tocam e cantam em sua banda para agradar os olhos do público masculino jovem. Para aguentar duas horas de cantoria, ele providenciou dois intervalos estratégicos. No primeiro, os dois bateristas se enfrentaram por longos minutos. Solos de bateria estão em desuso, mas Rod tratou de criar um em dose dupla em meio ao qual repousou. No outro intervalo, o microfone foi passado a uma cantora. Um banquinho também serviu de apoio a Rod.
O melhor momento foi quando Ron Wood – a versão de cabelos pretos de Rod – entrou no palco. Eles começaram juntos no Faces, no final dos anos 60. Depois Rod fez uma carreira solo e Ron acabaria nos Stones. Ron fez a guitarra solo em Maggie Mae e no único sucesso do Faces, Stay With Me.
Por que veteranos como Rod Stewart fazem ainda tanto sucesso?
A resposta mais óbvia, e provavelmente a correta, é que o que se fez no rock depois da geração de Rod não é grande coisa.