
A operação que levou à prisão do deputado estadual Rodrigo Bacellar (União Brasil), presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), trouxe novos elementos para a investigação da Polícia Federal. Durante o cumprimento dos mandados nesta quarta-feira (3), agentes encontraram R$ 90,8 mil em espécie no carro do parlamentar, além de três celulares que serão submetidos à perícia criminal.
A apreensão reforça, na visão dos investigadores, o risco de fuga apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que classificou a “situação financeira” de Bacellar como um dos fatores que justificariam a prisão preventiva. A imagem dos maços de dinheiro foram cedidos pela PF ao Uol.
Bacellar foi detido no âmbito da Operação Unha e Carne, que apura o vazamento de informações sigilosas relacionadas à Operação Zargun. Essa fase anterior investigava a atuação do ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, suspeito de atuar como intermediário do Comando Vermelho.
Segundo a PF, mensagens obtidas durante as investigações indicam que Bacellar teria orientado TH Joias a retirar objetos da residência horas antes da operação que resultaria em sua prisão, em setembro.
As conversas reveladas pela polícia mostram que, um dia antes da ação, TH avisou Bacellar sobre a troca de telefone e discutiu estratégias para esvaziar a casa.
Para os investigadores, os indícios sugerem tentativa de obstrução da Justiça e uso da influência política do presidente da Alerj para proteger aliados. A PGR também apontou que o parlamentar, por sua projeção no estado e capacidade financeira, poderia interferir na produção de provas caso permanecesse em liberdade.

Cotado para disputar o governo do Rio de Janeiro em 2026, Bacellar tem trajetória marcada por passagens por diferentes partidos e cargos relevantes. Ele foi eleito deputado estadual em 2018 pelo Solidariedade, reeleito em 2022 pelo PL e, posteriormente, migrou para o União Brasil.
Também foi secretário de Estado de Governo em 2021 e alcançou a presidência da Alerj por unanimidade. Essa ascensão política, agora colocada sob questionamento, ocorre no momento em que aliados do governador Cláudio Castro (PL) tentam se afastar da crise.
A Alerj afirmou, em nota, que ainda não recebeu comunicação oficial sobre a operação e que adotará “as medidas cabíveis” quando tiver acesso integral às informações. Já a defesa do parlamentar classificou a prisão como “totalmente desproporcional”.
O advogado Bruno Borragine declarou que Bacellar está “confiante” na reversão da medida pelos próprios deputados e reforçou que o cliente respondeu “tudo o que lhe foi perguntado” pela Polícia Federal. Em nota, os advogados afirmaram: “Bacellar também refuta qualquer acusação de que vazou informações a potenciais alvos de operações”.