O candidato do PSDB ao governo de São Paulo e atual ocupante do cargo, Rodrigo Garcia, criou e tentou implantar um projeto que prometia solucionar de uma vez por todas o problema da Cracolândia, bem como revitalizar a região do centro da capital paulista ocupada pelos usuários.
Em outubro de 2017, o então secretário estadual de Habitação, Rodrigo Garcia, anunciou a criação de uma PPP (Parceria Público-Privada) a um custo de R$ 1 bilhão, sendo R$ 460 milhões oriundos dos cofres públicos. Ele criou uma apresentação em powerpoint de como ficaria a cracolândia após a intervenção arquitetônica-imobiliária planejada e passou a apresentar a empresários e entidades da sociedade civil. Ela pode ser vista na íntegra clicando aqui.

À época, Garcia não apenas dizia que a questão da Cracolândia era, sim, um problema do governo estadual, – ao contrário do que defendeu no primeiro debate da corrida estadual deste ano, na TV Bandeirantes – como também prometia resolvê-lo até o final de 2019.
A maneira anunciada para fazê-lo era por meio da revitalização da região, através de um conjunto de obras batizado de “PPP do Centro”, feita em parceria com uma construtora de Minas Gerais, a Canopus Holding SA.
A ideia era construir 1.200 apartamentos no terreno da antiga rodoviária, na praça Júlio Prestes, epicentro da chamada Cracolândia. Os prédios teriam, no térreo, uma série de lojas e estabelecimentos de serviços, garantindo uma ocupação perene e pujante da região.
Além disso, as imediações ainda receberiam a Escola de Música Tom Jobim, e uma creche para 200 crianças.
As moradias ficaram prontas em 2018. Mas, três anos após o prazo prometido por Garcia, a escola, o comércio e a creche não saíram do papel e nem começaram a ser construídas. Ao invés de uma região revitalizada com grande oferta de serviços, aqueles que foram morar no empreendimento do Estado convivem com o medo, a sujeira e a degradação.
“Quando fomos assinar os papéis, eles nos mostraram vídeos e falaram que não haveria a necessidade de muros no futuro. Venderam uma ideia totalmente diferente, de que acabariam com a Cracolândia. Eu já tinha ouvido falar daqui, mas não sabia que estaria na porta do prédio”, afirma, em entrevista a uma revista semanal, Jenifer Gaspar, 26, que mora no 1º andar com o marido e dois filhos, de 3 e 1 ano. “Quando tem confronto, eles jogam rojões em cima da Guarda Civil. Nesse momento, meu filho mais velho começa a tremer, chorar e gritar. É desesperador.”
Veja, abaixo, a região da Cracolândia, primeiro, como era na propaganda de Rodrigo Garcia. Depois, como é na realidade atual, com aqueles que acreditaram nos planos do então secretário convivendo em meio ao “Fluxo”.
NA PROPAGANDA DE RODRIGO GARCIA

NA REALIDADE
