Rodrigo Maia abrindo portas para os banqueiros. Por Moisés Mendes

Atualizado em 13 de agosto de 2025 às 11:47
O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia – Foto: Reprodução

Quem anda distraído não sabe que Rodrigo Maia é presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF). Veja a lista de entidades abrigadas na confederação. Só tem bicho grande:

Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), ABBC (Associação Brasileira de Bancos), Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).

Tem mais essas: ABBI (Associação Brasileira de Bancos Internacionais), Abel (Associação Brasileira de Empresas de Leasing), Ancord (Associação Nacional das Corretoras de Valores), Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços) e ABVCAP (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital).

E aí alguém pode perguntar: como Maia, que presidiu a Câmara dos Deputados de 2016 a 2021 e desistiu de concorrer em 2022, preside uma entidade de banqueiros e executivos que dominam o mercado financeiro a partir da Faria Lima?

Maia não é banqueiro, nunca foi. Seu perfil informa que ele estudou economia na Universidade Cândido Mendes em 1989, mas não concluiu o curso. E que foi bancário no Banco BMG em 1990 e no Icatu 1993 a 1997.

Por que então lidera uma entidade de banqueiros? Porque a tal confederação é uma organização para lobby. Maia é, como muitos outros ex-políticos, o cara para abrir portas e escancarar janelas.

Foi por isso que ofereceu um almoço na semana passada a ministros do STF, quando trataram dos impactos da aplicação da tal Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes e, daqui a pouco, contra outros integrantes do STF.

Alexandre de Moraes, ministro do STF – Foto: Reprodução

Estiveram no almoço na casa de Maia os ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin. Maia não prometeu nada aos ministros sobre possíveis blindagens dos bancos brasileiros a bloqueios de contas em bancos americanos que atuam aqui.

Nessa quarta-feira, Maia foi entrevistado pela GloboNews e foi o Maia que todos conhecem. Enrolou todo mundo e não disse nada com nada sobre qualquer pauta.

E assim caminha a política brasileira. Um político considerado de centro, e até sensato em relação aos que existem hoje no mercado da direita, com ou sem esparadrapo, desiste da política para ser lobista.

Nada de estranho, nada de anormal, nada surpreendente, porque é assim no mundo todo e tem que ser assim no Brasil.

Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/