“Ronnie Lessa e Adriano da Nóbrega já mataram juntos”, aponta livro

Atualizado em 27 de janeiro de 2024 às 14:25
Os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Adriano da Nóbrega. Foto: Reprodução

Os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Adriano da Nóbrega, apesar de sempre negarem qualquer vínculo, têm uma história compartilhada de atuações conjuntas em assassinatos. Lessa enfrenta acusações pelo assassinato da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, enquanto Adriano, ex-membro do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), liderava o Escritório do Crime, um grupo criminoso no Rio de Janeiro. Ele foi morto pela PM da Bahia em 2020 enquanto estava foragido.

O jornalista investigativo Sérgio Ramalho, autor do livro “Decaído”, sobre Adriano de Nóbrega, revela detalhes dessa intrincada trama ao investigar o caso Marielle. O nome de Adriano esteve associado à execução da vereadora, e Ramalho destaca a complexidade das relações entre Adriano e Lessa, descrevendo as conexões desses grupos de matadores na cidade.

A teia de relações entre Adriano e Lessa se desenrola a partir do assassinato de Marielle Franco, conforme detalhado por Ramalho em seu livro. O caso envolve o capitão Adriano, o tenente Joãozinho e o sargento Ronnie Lessa, que já haviam atuado juntos anteriormente. Um episódio marcante foi o assassinato do político Ary Ribeiro Brum em 2007, onde o trio teria agido como pistoleiros.

“As pontas da intrincada teia de relações envolvendo Adriano e Lessa foram encadeadas a partir da execução de Marielle Franco. Até aquela noite no estácio, os integrantes do consórcio de assassinos de aluguel seguiam intocáveis em seu reduto na franja da Floresta da Tijuca, às margens da Lagoa de Jacarepaguá”, conta Sérgio, em trecho do livro Decaído.

“Um caso colocou na cena do crime o capitão Adriano, seu antigo parceiro de empreitadas, o tenente Joãozinho, e o sargento Ronnie Lessa. O alvo dos três ex-integrantes do Bope foi o político Ary Ribeiro Brum. Ex-deputado estadual, ele trabalhava como assessor na Secretaria de Governo de Sérgio Cabral, quando foi tocaiado, às 10h30 de terça-feira, 18 de dezembro de 2007”, emenda o jornalista.

O laudo da perícia revelou 26 perfurações no carro de Ary, indicando a precisão e a habilidade dos criminosos. Contudo, as investigações não avançaram, em parte devido à influência de Adriano no cenário carioca. O empresário Lindemberg Sardinha Meira foi apontado como suposto mandante, alegadamente motivado por um rombo de R$ 800 mil nas contas de uma sociedade com Ary Brum no Hospital IV Centenário.

O livro ‘Decaído’, lançado pelo jornalista investigativo Sérgio Ramalho em janeiro deste ano e publicado pela Matrix Editora, detalha a trajetória do miliciano Adriano da Nóbrega. Foto: Divulgação

Onze anos após o assassinato de Ary, a morte de Marielle Franco, em 2018, apresentou semelhanças notáveis no modus operandi. Ambas foram assassinadas por atiradores no banco traseiro, seguindo seus veículos. Na mesma noite da execução de Marielle, um concorrente de Adriano e Lessa, Marcelo Diotti da Matta, foi morto na Barra da Tijuca. O jornalista Ramalho destaca que Matta era alvo de monitoramento pelo grupo criminoso há pelo menos três meses.

Esses eventos ressaltam a persistência desses grupos criminosos e a complexidade das investigações no Rio de Janeiro, revelando uma rede de relações obscuras que envolvem ex-policiais militares e milicianos como Adriano da Nóbrega e Ronnie Lessa.

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