Rosângela Moro e sua turma: mulheres ricas, o Lide de Doria e o instituto do advogado da Petrobras

Atualizado em 23 de julho de 2019 às 17:01
Rosângela ciceroneada por Lydia Sayeg. Foto de Marlene Bergamo (Folha de S. Paulo)

O evento em que Rosângela Moro defendeu o fim do assistencialismo, num shopping de alto padrão em São Paulo, foi organizado pela Lide Mulher, o braço feminino do Grupo de Líderes Empresariais, organização criada e controlada pela família do governador João Doria.

Anne Willians, presidente do Instituto Nélson Willians, também estava presente. O instituto leva o nome do advogado que se apresenta como dono da maior banca jurídica do Brasil.

Nélson Willians e Doria foram ativos no movimento que levou ao impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, movimento que foi alimentado pela Lava Jato de Moro, com suas operações seletivas e vazamentos em sincronia com eventos políticos.

Doria e Willians também estiveram juntos na organização de uma palestra de Moro em Nova York, em maio de  2018, o que gerou à época denúncia contra o então juiz ao Conselho Nacional de Justiça por conflito de interesses.

É que o escritório de Nélson Willians, patrocinador da palestra de Moro, era (e é) defensor da Petrobras, parte no processo na Lava Jato, como assistente de acusação.

Moro não revelou quanto recebeu pela palestra, mas, em eventos da iniciativa privada, participações desse tipo não são feitas gratuitamente.

A relação de Moro com o escritório de advocacia é estreita, passa por ele e sua família, o que se confirma agora com a palestra de Rosângela.

Em um evento privado do Lide no Brasil, em 2016, Moro e o dono do escritório estiveram juntos, Moro como palestrante (remunerado), Wilians como patrocinador.

Um site de celebridades registrou que Rosângela Moro esteve no escritório de Williams em Curitiba no dia 18 de abril de 2016.

Segundo a nota, foi tratar de “tema recorrente do terceiro setor, constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais”, como a APAE, da qual é advogada.

Por coincidência (ou não?), a visita foi no dia seguinte à aprovação do impeachment de Dilma Rousseff.

Dois sócios de Nelson Wilians prepararam o pedido de impeachment de Dilma Rousseff que o ator Alexandre Frota, hoje deputado, levou a Brasília em 2015 – Eduardo Cunha recebeu, mas colocou outro pedido para votar, o de Janaína Pachoal.

O avião do escritório de Nelson Wilians também levou Frota para participar das manifestações pró-impeachment de Dilma, no dia da votação.

Rosângela Moro uniu Willians e Doria de novo ontem, ainda que os dois não estivessem presentes.

Essa união não é crime, mas revela que os Moro, Willians e Doria fazem parte do mesmo grupo.

A empresária e socialite Lydia Leão Sayeg também estava presente na palestra de Rosângela.

Lydia foi alvo de uma investigação por suspeita de falsidade ideológica, em 2012.

O delegado José Sampaio Lopes Filho, da 2ª Delegacia de Crimes de Trânsito de São Paulo, anunciou à época que abriria inquérito para apurar caso de transferência de pontos por infrações de trânsito.

No caso, Lydia permitiu que a filha transferisse a responsabilidade pelas multas ao prontuário dela no Detran. Como já estava com a habilitação cassada, não fazia diferença.

A empresária e socialite fez essa confissão num reality show, o Mulheres Ricas, da TV Bandeirantes.

A cena viralizou na internet e o delegado anunciou que abriria inquérito — não se sabe o resultado da investigação.

Lydia, a mulher rica e já investigada, foi uma das que mais aplaudiram Rosângela ontem.