Rosângela Moro faz uma patética retrospectiva dos dias de glória do marido. Por Joaquim Carvalho

Atualizado em 18 de dezembro de 2017 às 10:52
Fotos postadas pela retrospectiva de Rosângela Moro

A advogada Rosângela Wolff Moro anunciou em vídeo que a página Eu Moro com Ele, mantida no Facebook por ela para idolatrar seu marido, juiz federal, sairia do ar. Só que não. Ela continuou a postar mensagens e agora tem feito uma retrospectiva dos melhores momentos da página.

É patético.

Rosângela postou fotos de pote de geléia enviado por uma admiradora do juiz, livros, lembranças variadas, como camisetas, bonés, uma espada de samurai, troféus, quadros com a imagem dos dois. Rosângela postou também fotos de artistas que deram o apoio a ele e posts positivos de sites a respeito do marido, como o Antagonista (“Orgulho brasileiro”).

Tudo sob a rubrica “Retrospectiva da página”.

A despedida foi anunciada  em 30 de novembro, no mesmo dia em que Rodrigo Tacla Durán prestou depoimento à CPI da JBS. Talvez Rosângela esperasse gigantescas manifestações de apoio.

Mas só vieram os apoio dos de sempre: foram cerca de 25 mil curtidas, pouco numa página dedicada a um servidor público que foi apontado pela Time, no inicio de 2016, na época mais intensa da articulação golpista, como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.

A retrospectiva da página de Rosângela parece o suspiro de quem viu os dias de glória ficarem para trás e vê no horizonte nuvens carregadas da tempestade que se aproxima. Foi bom, não foi, Dra. Rosângela?

Moro (e por consequência Rosângela) teve mais do que 15 minutos de fama, foi o epicentro de um movimento que será visto pela história como o maior ataque à democracia brasileira. Nos dias da suposta glória, portou-se como um imperador na volta para Roma depois das conquistas, na cerimônia conhecida como Triumphus Romanus.

Na cerimônia, o homenageado era acompanhado em sua carruagem por um subordinado, que lhe sussurrava algo no ouvido, que alguns interpretam como “olhe atrás de você, lembre-se de que você é apenas um homem” ou “lembra-se de que é mortal”.

A glória que Moro teve no Brasil de 2016 jamais aconteceria em Roma. Lá, a cerimônia do triunfo só era realizada para quem, efetivamente, vencesse exército poderoso estrangeiro. Não valia para quem derrotava escravos, nem para quem se saísse vitorioso em conflitos internos.

Joaquim de Carvalho
Jornalista, com passagem pela Veja, Jornal Nacional, entre outros. joaquimgilfilho@gmail.com