
Em São Paulo, moradores da rua Joaquim Antunes, em Pinheiros, enfrentam uma sequência de assaltos que transformou a região em um dos pontos mais temidos da zona oeste. De janeiro a agosto deste ano, a via de cerca de um quilômetro registrou 45 ocorrências de roubos e furtos de celulares, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP). A maioria dos crimes envolve violência e ação de motociclistas armados.
A escalada de ataques tem provocado mudanças profundas no comportamento dos moradores. Muitos evitam sair a pé, preferindo deixar celulares e alianças em casa para reduzir os riscos. Parte da vizinhança tem colado cartazes alertando sobre os assaltos, enquanto outros pedem a retirada dos avisos, com receio de desvalorização imobiliária.
As ocorrências são registradas nos distritos policiais de Pinheiros (14º DP) e Itaim Bibi (15º DP). O trecho entre os números 900 e 1.000 da via concentra o maior número de casos, totalizando 17 registros em oito meses. Segundo a SSP, quase todos os celulares roubados são iPhones, alvo preferencial dos criminosos devido ao alto valor de revenda.
Em janeiro, a violência chegou ao extremo com o assassinato de Vitor Rocha e Silva, de 23 anos, morto após reagir a um roubo de celular. O jovem, que passeava com o namorado, foi abordado por um motociclista armado. O suspeito, um adolescente, foi posteriormente apreendido. O caso intensificou o clima de medo e revolta entre os moradores.
No vídeo, um motociclista armado realizou uma série de assaltos, abordando cinco pedestres em sequência. Durante a ação na Rua Joaquim Antunes, no bairro de Pinheiros, uma das vítimas foi atingida por um disparo na perna.
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As investigações apontam que os aparelhos levados em Pinheiros, Butantã e Itaim Bibi são distribuídos em Paraisópolis, onde ocorre o repasse aos receptadores. Os telefones mais novos são revendidos para quadrilhas internacionais, enquanto modelos antigos têm as peças comercializadas no centro de São Paulo.
Mesmo com câmeras de segurança instaladas pela rua, os ataques continuam. Moradores relatam que os criminosos agem com rapidez e sem se intimidar com os equipamentos. Um abaixo-assinado com mais de 9 mil assinaturas pede reforço do policiamento e medidas urgentes contra a violência.
A SSP afirmou, em nota, que o policiamento na região é constantemente reavaliado com base nos boletins de ocorrência. A pasta informou que, entre janeiro e agosto, o 14º DP registrou queda de 15,49% nos roubos em comparação ao mesmo período do ano anterior, além da prisão ou apreensão de 631 pessoas na área.
Para muitos moradores, no entanto, os números oficiais não refletem a sensação de insegurança. “Depois das 20h, todo mundo anda com medo. A gente corre de uma calçada para outra achando que vai ser abordado”, relata a arquiteta Lizete Ribeiro, moradora há duas décadas. Já a engenheira Débora Valeri afirma que mudou completamente sua rotina e só sai quando necessário. Enquanto parte dos vizinhos defende segurança privada, outros insistem que a responsabilidade é do Estado.