“Rudes e barulhentos”: a Globo precisa de um manual de bons modos para seus jornalistas na Copa. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 2 de julho de 2018 às 20:59

Existe um manual menos hipócrita e mais útil à Globo do que aquele cobrando de seus empregados “isenção” nas redes sociais: o de bons modos.

O escritor inglês Jonathan Wilson, especializado em futebol, editor da revista “The Blizzard”, está cobrindo a Copa para o Guardian.

No Twitter, reclamou da equipe da emissora.

“Não tenho nada contra o Brasil, mas quanto mais cedo a TV Globo sair desse torneio, melhor. Milhares deles, barulhentos e rudes no que deveria ser uma área de trabalho”, escreveu.

“Pode ser que minha paciência esteja encolhendo, mas… Jesus, como eles são irritantes”, acrescentou depois para o colega Marcus Speller.

O site Notícias na TV corrigiu Wilson, lembrando que são, na verdade, 197 pessoas.

Faz sentido mandar quase duzentos pachecos para cobrir esse evento? Já não basta um Galvão Bueno?

Galvão é um símbolo do que critica Wilson.

Segundo a Veja, “os profissionais que trabalham com Galvão Bueno na Rússia estão cansados das grosserias gratuitas”.

Ele já apareceu num vídeo batendo boca numa viagem de trem.

Nas imagens, se exalta e destrata um funcionário da companhia, provavelmente o comissário de bordo.

Segundo o departamento de Comunicação da Globo, Galvão “estava apenas lutando por seus direitos”: havia outro cidadão em seu lugar.

“Não, não, não, não, não! Não aponte o seu dedo na minha direção!”, diz ele, enquanto mostra o indicador para o homem. “Abaixe sua mão!”

Em seu programa, Júnior respondeu em alto nível a Osório, técnico do México que reclamou — com razão — da “palhaçada” de Neymar no jogo: “Vai chorar no pé da santa”, disparou, em carioquês.

Na Olimpíada de 2016, um narrador da BBC se queixou ao vivo de Galvão durante uma prova de natação com Michael Phelps.

“É muito, muito barulho no estádio. E muito barulho vindo aqui de perto de mim. Este comentarista precisa calar a boca no começo da prova”, disse.

“Desculpem. Neste momento, por exemplo: todo mundo está quieto, mas ele não”.

Neymar e Galvão têm uma relação de simbiose muito maior do que fazem supor as eventuais escaramuças que aparecem entre eles.

Um é destemperado em campo, o outro fora. Ambos se merecem.

São o retrato de um Brasil. Não o meu e o seu. Um Brasil folclórico, falso, rico e mimado, concessão da Globo.