
A Rússia acusou os Estados Unidos de praticarem “pirataria” ao intensificar o bloqueio a embarcações ligadas à Venezuela no Mar do Caribe. Em comunicado divulgado nesta quinta-feira (25), o Ministério das Relações Exteriores russo afirmou que as ações norte-americanas representam uma retomada de práticas de anarquia na região e alertou para o risco de agravamento da crise, conforme informações da agência de notícias Reuters.
A porta-voz da chancelaria russa, Maria Zakharova, declarou que o bloqueio equivale ao “roubo de propriedade alheia” e defendeu a desescalada do conflito. Segundo ela, Moscou espera que o “pragmatismo e a racionalidade” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ajudem a encontrar soluções aceitáveis dentro do direito internacional.
Zakharova também reiterou o apoio da Rússia aos esforços do governo de Nicolás Maduro para preservar a soberania e garantir um desenvolvimento estável do país.
“Hoje, testemunhamos uma completa anarquia no Mar do Caribe, onde o roubo de propriedade alheia — ou seja, a pirataria e o banditismo, há muito esquecidos — estão sendo revividos. Defendemos consistentemente a desescalada e esperamos que o pragmatismo e a racionalidade do presidente dos EUA, Donald Trump, permitam encontrar soluções mutuamente aceitáveis para as partes, dentro das normas jurídicas internacionais. Confirmamos ainda nosso apoio aos esforços do governo de Nicolás Maduro para proteger a soberania e os interesses nacionais, bem como para manter um desenvolvimento estável e seguro do país”, disse Zakharova.

Tentativa de apreensão de petroleiro
Enquanto isso, os EUA seguem tentando apreender um terceiro petroleiro ligado à Venezuela. O navio Bella 1, cercado pela Guarda Costeira no domingo (21), ainda não foi apreendido.
Nesta quarta-feira (24), a Guarda Costeira aguardava reforços para abordar a embarcação. O Bella 1 não estava carregado de petróleo e retornou ao oceano Atlântico, sem previsão de voltar à Venezuela.
A tentativa frustrada, segundo fontes da agência, expõe o descompasso entre o objetivo do governo Trump de apreender petroleiros sancionados e os recursos limitados da Guarda Costeira, principal responsável pelas operações.
Nas últimas semanas, dois petroleiros já foram apreendidos perto da Venezuela, aumentando a pressão sobre o governo Maduro.
Today, the Federal Bureau of Investigation, Homeland Security Investigations, and the United States Coast Guard, with support from the Department of War, executed a seizure warrant for a crude oil tanker used to transport sanctioned oil from Venezuela and Iran. For multiple… pic.twitter.com/dNr0oAGl5x
— Attorney General Pamela Bondi (@AGPamBondi) December 10, 2025
Operações e reação venezuelana
A Casa Branca ordenou que as forças militares dos EUA se concentrem quase exclusivamente na “quarentena do petróleo venezuelano” por pelo menos dois meses. Desde setembro, operações norte-americanas no Caribe e no Pacífico Oriental foram ampliadas contra embarcações que Washington associa ao narcotráfico.
O governo venezuelano reagiu classificando o cenário como uma “campanha de agressão”, apontando os efeitos combinados das sanções e das ações militares.
A escalada se intensificou em 16 de dezembro, quando Trump anunciou um bloqueio formal a petroleiros que operam em rotas ligadas à Venezuela.