Rússia ironiza Trump e diz que EUA deveriam mirar Bélgica, não Venezuela e Nigéria

Atualizado em 11 de novembro de 2025 às 20:31
O chanceler russo Sergei Lavrov. Foto: SHAMIL ZHUMATOV/EFE/EPA


O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em entrevista coletiva concedida à imprensa de seu país nesta terça-feira (11), criticou o governo de Donald Trump por concentrar operações antidrogas e militares na Venezuela e na Nigéria. Em tom irônico, o chanceler sugeriu que os Estados Unidos deveriam “mirar” a Bélgica, citando denúncia de que o país europeu estaria se tornando um “narcoestado”.

“Em vez de mirar a Nigéria e a Venezuela com operações antidrogas e possíveis apreensões de campos de petróleo, os EUA provavelmente deveriam se concentrar em erradicar esse mal social na Bélgica”, disse Lavrov. Ele lembrou que Washington já mantém tropas em solo belga.

As declarações se referem à ameaça de Trump de enviar militares à Nigéria para combater jihadistas e às operações navais no Caribe e Pacífico, classificadas pelo governo venezuelano como pretexto para uma mudança de regime. Desde setembro, 20 embarcações supostamente ligadas ao tráfico foram atacadas, resultando em 75 mortes.

Embarcação venezuelana atacada pelos EUA no Mar do Caribe. Reprodução

O chanceler russo chamou a ação de “ilegal” e relacionou o tema a uma carta divulgada em outubro por um juiz da Antuérpia, na Bélgica, que alertou para o avanço do tráfico e o risco de o país se tornar um “narcoestado”.

Lavrov também afirmou que, embora a Venezuela seja considerada uma “nação amiga”, Moscou não pretende enviar tropas ao país sul-americano. Segundo ele, Caracas tampouco pediu esse tipo de apoio militar.

Em outubro, o presidente venezuelano Nicolás Maduro afirmou possuir “mais de 5 mil mísseis russos” para se defender de ameaças dos Estados Unidos. O Washington Post noticiou que Maduro teria solicitado novos equipamentos à Rússia e à China.

O governo russo reforçou sua aliança com Caracas após a ratificação, por Vladimir Putin, do Tratado de Associação Estratégica entre Rússia e Venezuela, assinado em maio. O acordo prevê cooperação em energia, mineração, transporte, comunicações e segurança.

A crítica de Lavrov ocorre em meio à escalada de tensões entre Washington e Moscou, com a Rússia ampliando sua presença militar em países aliados e respondendo a sanções impostas pelos EUA.