Sabino é afastado e pode ser expulso do União Brasil por ficar no governo Lula

Atualizado em 8 de outubro de 2025 às 14:59
O ministro do Turismo, Celso Sabino, e o presidente Lula. Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

O União Brasil decidiu afastar o ministro do Turismo, Celso Sabino, e abrir um processo que deve resultar em sua expulsão do partido. A decisão, tomada nesta quarta (8), ocorreu após a executiva nacional considerar que o ministro cometeu infidelidade partidária ao insistir em permanecer no governo do presidente Lula, contrariando a orientação da sigla.

A medida foi definida durante reunião da executiva em Brasília, que também decidiu pela dissolução do diretório estadual do União no Pará, controlado por Sabino. Segundo integrantes do partido, o processo disciplinar não será sumário e deve durar cerca de dois meses. Houve apenas uma manifestação contrária à decisão: a do próprio ministro.

Após a reunião, Sabino criticou o partido e lamentou a decisão. Ele disse que o afastamento ocorre em um momento crucial, a menos de um mês da COP30, conferência climática da ONU que será realizada em Belém (PA), seu estado natal. “Temos muita coisa ainda a entregar e a fazer até a realização desse evento. Sigo ao lado do presidente Lula também por entender que esse é o melhor projeto para o país”, afirmou.

O ministro classificou as decisões da legenda como “equivocadas e açodadas” e disse que tentará convencer o Conselho de Ética a rever a medida. “O momento eleitoral deve ser deixado para o prazo eleitoral”, afirmou. Sabino também reforçou que pretende permanecer no governo federal e disputar uma vaga no Senado em 2026.

O governador Ronaldo Caiado (GO) e o presidente do União Brasil, Antônio de Rueda. Foto: Divulgação

Entre os dirigentes do União Brasil, a posição de Sabino foi duramente criticada. O governador Ronaldo Caiado (GO) defendeu o afastamento e chamou o ministro de “quinta-coluna”, termo usado para designar traidores. O goiano tenta consolidar seu nome como pré-candidato à Presidência e considera a permanência de Sabino no governo uma “imoralidade ímpar”.

O racha foi intensificado após o União Brasil anunciar uma federação com o PP, que prevê atuação unificada das siglas e uma candidatura de direita em 2026. Com o acordo, ambos os partidos determinaram que todos os filiados que ocupam cargos no governo Lula deixem os postos sob pena de punição por infidelidade.

O presidente nacional do União Brasil, Antônio de Rueda, havia dado até 19 de setembro para Sabino abandonar o ministério. O mesmo ocorreu com o ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA), que também foi afastado de sua legenda.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.