Safatle: com Boulos e Erundina, abriremos o começo do fim do fascismo ordinário

Atualizado em 29 de novembro de 2020 às 11:45
Boulos, Erundina e Vladimir Safatle. Foto: Reprodução/Facebook/Divulgação

Publicado originalmente no perfil de Facebook do autor

POR VLADIMIR SAFATLE, filósofo

Essa não é mais uma eleição.

Em São Paulo não estaremos apenas votando em mais uma eleição. Escolhendo Boulos e Erundina, abriremos o começo do fim do fascismo ordinário que hoje governa o país, mudando a correlação de forças na nossa maior cidade. Essa será a primeira e mais contundente derrota desse projeto que jogou o Brasil em seu momento mais escuro. Tal derrota dará força a uma transformação que se choca contra as estruturas arcaicas que teimam em não morrer.

Mais do que a escolha de pessoas com maior sensibilidade social, com maior sentido da urgência imposta pela pobreza, a segregação e a miséria, o que teremos é a eleição de um projeto baseado na ideia de não sermos mais governados da maneira como fomos até agora. Não mais ser governado por lideranças que flertam com o fascismo, com a indiferença em relação aos genocídios e a violência espetacularizada.

Mas também, não ser mais governado por oligarquias que se dizem boas “gestoras” e nunca, em décadas, foram capazes de resolver um problema estrutural que seja. Oligarquias que se vendem como “especialistas”, “técnicos”, “experientes” mas escondem a mais crassa violência contra pobres, a incompetência, as relações espúrias com a especulação imobiliária e os interesses da elite rentista da cidade mais rica do país.

O que não poderia ser diferente: só uma sociedade que governa a si mesma pode resolver os problemas que lhe assolam. Só a inteligência prática das populações é capaz de resolver os problemas que destroem a potência do corpo social. Tomemos o poder. É hora de dar outro sentido à palavra “governo”.

Que em São Paulo comece o fim dos nossos pesadelos.