
Assistir a vídeos online em velocidades aceleradas, como 1,5x ou 2x, se tornou uma prática comum, principalmente entre os mais jovens. Esse hábito, associado à busca por otimização de tempo e consumo rápido de conteúdo, traz vantagens aparentes, como ganhar tempo e manter o foco. Porém, um estudo recente mostrou que há custos cognitivos importantes que comprometem a retenção das informações assistidas em ritmo acelerado.
A pesquisa revisou 24 estudos sobre aprendizagem por videoaulas e revelou que o desempenho dos estudantes tende a piorar conforme a velocidade aumenta. Em velocidades de até 1,5x, o impacto negativo é pequeno, mas a partir de 2x, o desempenho em testes de memória e compreensão começa a cair de forma significativa. Em velocidades como 2,5x, a perda pode chegar a uma média de 17 pontos percentuais nos testes de conhecimento, comparando-se com quem assistiu no ritmo normal.
Isso ocorre porque o cérebro possui uma capacidade limitada de processar informações rapidamente, especialmente na memória de trabalho, que é responsável por armazenar temporariamente o que se aprende antes de transferir para a memória de longo prazo. Quando há excesso de informações em pouco tempo, ocorre a chamada sobrecarga cognitiva, dificultando a consolidação do aprendizado.

O impacto é ainda mais acentuado entre adultos mais velhos. Um dos estudos analisados na meta-análise mostrou que pessoas entre 61 e 94 anos têm maior dificuldade em acompanhar conteúdos acelerados do que jovens adultos entre 18 e 36 anos. Isso reflete o enfraquecimento natural da capacidade de memória com o avanço da idade, o que pode exigir velocidades mais lentas para melhor assimilação do conteúdo.
Além da perda de memória, outro ponto levantado pelos pesquisadores é que assistir a vídeos muito rápidos pode tornar a experiência de aprendizado menos prazerosa. Isso pode afetar a motivação das pessoas, principalmente em ambientes educacionais, tornando-as mais propensas a desistir ou evitar novos aprendizados. Ainda não há estudos conclusivos sobre os efeitos de longo prazo desse hábito para a função cerebral.
Os especialistas recomendam cautela, especialmente para o público mais velho, que deve priorizar a visualização em velocidades normais ou até mais lentas. Para os mais jovens, embora a prática seja popular, não está claro se o cérebro consegue se adaptar à sobrecarga com o tempo ou se há consequências futuras. O equilíbrio entre eficiência e qualidade na aprendizagem segue sendo um desafio em tempos de consumo digital acelerado.