Saiba para quem Bolsonaro enviava mensagens em listas de transmissão

Atualizado em 22 de agosto de 2025 às 11:24
O ex-presidente Jair Bolsonaro mexe no celular. Foto: Reprodução

A Polícia Federal (PF) identificou que Jair Bolsonaro (PL) usava listas de transmissão para enviar mensagens a aliados, mesmo após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o proibiu de utilizar redes sociais.

O relatório do inquérito, que resultou no novo indiciamento do ex-presidente por tentativa de obstrução de processo ligado ao golpe de Estado, mostra que 396 contatos recebiam conteúdos disparados de seu celular apreendido.

Segundo a PF, Bolsonaro organizou quatro listas de transmissão, nomeadas como “Deputados”, “Senadores”, “Outros” e “Outros 2”.

“As listas de transmissão são uma ferramenta que permite enviar a mesma mensagem para várias pessoas ao mesmo tempo, sem criar um grupo. Cada destinatário recebe a mensagem de forma individual, como se fosse enviada apenas para ele, e as respostas chegam de maneira privada para o remetente”, explicaram os investigadores.

Entre os contatos estavam aliados de primeira ordem no Partido Liberal (PL), seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), além de ex-ministros Paulo Guedes e Onyx Lorenzoni.

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Eduardo, Jair e Flávio Bolsonaro. Foto: Reprodução

Também figuravam na lista o pastor Silas Malafaia, alvo de busca e apreensão, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), o vice-prefeito Ricardo Mello Araújo (PL), coronéis, prefeitos, vereadores de direita em diversas capitais, advogados, empresários, médicos e líderes religiosos próximos ao ex-presidente.

O relatório aponta que Bolsonaro disparava vídeos de manifestações e convocações políticas, que depois eram replicados em massa por seus aliados. Foram encontrados ao menos 338 registros dessas mensagens no celular.

Em uma delas, Bolsonaro divulgou o link da transmissão do ato promovido por Malafaia na Avenida Paulista: “Transmissão ao vivo. direto da Avenida Paulista, São Paulo”. O envio apareceu 363 vezes em conversas diferentes.

Em outro disparo, compartilhado em 354 conversas, o ex-presidente publicou um vídeo da manifestação bolsonarista em Belo Horizonte (MG) e escreveu: “Obrigado Minas Gerais. Pela nossa liberdade. Jair Bolsonaro.”

Também foram localizados registros de atos em Salvador (BA), Juiz de Fora (MG) e na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, todos usados para reforçar sua base de apoiadores.

A PF destacou que o uso das listas configurou uma estratégia para driblar as medidas cautelares impostas por Moraes em 18 de julho. Para os investigadores, ao acionar contatos estratégicos em massa, Bolsonaro conseguiu manter ativa sua rede de mobilização política mesmo proibido de atuar em redes sociais.