Saiba quais produtos brasileiros foram liberados do tarifaço por Trump

Atualizado em 20 de novembro de 2025 às 20:18
O presidente americano Donald Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quinta-feira (20) um decreto que retira as tarifas de 40% sobre parte dos produtos agrícolas exportados pelo Brasil. A decisão atinge diretamente itens relevantes da pauta do agronegócio brasileiro e ocorre em meio às negociações comerciais entre os dois países.

Os produtos alcançados pela redução da sobretaxa de 40% anunciada por Donald Trump incluem itens relevantes da pauta exportadora brasileira, como café, carne bovina, açaí, cacau e diversas frutas. A lista também abrange coco, nozes, chá, vegetais e matérias-primas como petróleo e carvão. Segundo o governo americano, todos esses setores passam a ter alívio tarifário imediato, permitindo a reentrada desses produtos no mercado dos EUA com custo menor para importadores e maior margem de competitividade para produtores brasileiros.

Em comunicado, o republicano mencionou a conversa por videoconferência que teve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele disse que, após ouvir outras autoridades, concluiu que as tarifas adicionais não são mais necessárias porque “houve progresso inicial nas negociações com o governo do Brasil”. A medida, segundo o texto, tem efeito imediato.

O presidente dos EUA Donald Trumpo e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.

A isenção será retroativa para todas as mercadorias que tiverem entrado nos Estados Unidos a partir de 13 de novembro. Na prática, isso significa que exportadores brasileiros que já vinham arcando com a sobretaxa poderão ser reembolsados da diferença cobrada nas últimas semanas, de acordo com a regulamentação americana.

As tarifas adicionais de 40% haviam sido impostas no fim de julho, somando-se às “tarifas recíprocas de 10% aplicadas globalmente”. O decreto que criou o aumento, porém, estabeleceu uma lista com quase 700 exceções, como suco de laranja e produtos de aviação, o que livrou 43% do valor das exportações brasileiras, segundo levantamento feito pela Folha.

Na semana passada, o governo dos EUA já havia derrubado a tarifa de 10% sobre as principais exportações brasileiras, entre elas carne e café. Com a decisão desta quinta-feira, a sobretaxa de 40% também foi suspensa, isentando esses produtos das cobranças adicionais aplicadas por Trump desde abril.

Um dos fatores que pesaram para a mudança foi a alta da inflação nos Estados Unidos, pressionada sobretudo por alimentos. O café acumulava alta de cerca de 20% em relação ao ano anterior, segundo o CPI, índice oficial de inflação do país. Em 2024, o Brasil exportou US$ 1,96 bilhão em café para o mercado americano, mantendo-se como o maior fornecedor, conforme dados da International Trade Administration.

Desde que as tarifas de 50% passaram a valer em agosto, as vendas de café brasileiro aos EUA despencaram, segundo o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Em outubro, a queda foi de 54,4% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Para Marcos Antonio Matos, diretor-geral do Cecafé, a mudança abre espaço para recompor o mercado: “Os próprios torrefadores [americanos] lutaram e muito pela reconquista da isonomia para os cafés brasileiros. A gente está agora em pé de igualdade, é o que a gente sempre quis”, afirmou.

No caso da carne bovina, os Estados Unidos enfrentam inflação entre 12% e 18% em relação ao ano passado, cenário influenciado pelas tarifas sobre o Brasil, maior exportador global, e pela redução do rebanho local. O setor diplomático do governo brasileiro estuda o alcance da medida anunciada por Trump. A avaliação preliminar é de que se trata de um gesto político para destravar as negociações comerciais enquanto a Casa Branca analisa as propostas apresentadas por Brasília.