Saiba quem foi José João Abdalla, o mau patrão

Atualizado em 19 de maio de 2022 às 21:32

José João Abdalla – filho de João Abdalla e de Amélia Félix Abdalla – nasceu em Aparecida do Norte, no interior de São Paulo, em 16 de setembro de 1903.

Médico formado pela Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro, começou a trabalhar em Birigüi (SP), município onde foi presidente da Câmara Municipal antes do regime do Estado Novo. Inclusive, durante esse período, foi nomeado prefeito de Birigui pelo interventor paulista Ademar de Barros.

Foi um dos fundadores do Partido Social Democrático (PSD), pelo qual foi eleito deputado em 1946. Esteve no mandato até 1948, quando assumiu a Secretaria do Trabalho, Indústria e Comércio de São Paulo, que era governado por Ademar de Barros.

Nesta época, comprou a Companhia de Cimento Portland Perus do grupo canadense Drysdale & Pease. A compra foi vista como maus olhos pelos jornais da época e qualificada como fraudulenta. Desde então, J.J. Abdalla foi expandindo seus negócios, por meio de empresas das áreas industrial, financeira e agropecuária. Paralelamente, continuou sua carreira política, estando na Câmara até 1964, quando seu mandato foi cassado pelo regime militar.

Também era dono da Fábrica de Papel Carioca e da Lanifício Paulista, em Jundiaí (SP), da fábrica de tecidos Japi, em Americana (SP) e das indústrias Carioba, também no interior do estado de São Paulo. Sua atividade empresarial se estendeu para indústria açucareira, de cal e cálcio, de manteiga, de artefatos de ferro, distribuição de óleos, seguros e exportação e importação.

Ao longo de 30 anos de atividade, J.J. Abdalla travou inúmeras lutas com a justiça, o que resultou em cerca de 12 habeas-corpus e mais de 500 processos. Conhecido como mau-patrão (conforme nomeado pela imprensa da época), as empresas dirigidas por Abdalla colecionavam irregularidades trabalhistas.

Os baixos salários, as longas jornadas, as condições insalubres de trabalho, entre outros motivos, deram origem à Greve de 7 anos, a maior da história sindical do Brasil, protagonizada pelos Queixadas – operários grevistas da Companhia Brasileira de Cimento Portland Perus.

Iniciada em 1962, a greve terminou em 1969 e Abdalla foi obrigado a  indenizar os trabalhadores. Paralelamente a isso, o governo brasileiro descobriu – também em 1969 – que as empresas do Grupo Abdalla não recolhiam impostos regularmente, culminando em várias prisões (1969, 1973 e 1975) e confiscos de seus bens (1964, 1973, 1975 e 1976).

Por falta de respeito às leis trabalhistas, as empresas de J. J. Abdalla foram paralisadas muitas vezes por movimentos grevistas. Ele era casado com Rosa Abdalla e faleceu na cidade de São Paulo, em 13 de outubro de 1988.

Para ler o texto completo, acesse o site Centro de Memória Queixadas

Clique aqui para se inscrever no curso do DCM em parceria com o Instituto Cultiva

Participe de nosso grupo no WhatsApp clicando neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link