A delação premiada de Ronnie Lessa, ex-policial militar acusado do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes em março de 2018, promete trazer esclarecimentos cruciais ao inquérito, revelando quem foram os mandantes e a motivação por trás do crime.
Segundo Élcio de Queiroz, ex-PM, Lessa teria sido contratado através de um intermediário, cuja colaboração foi fundamental para entender o papel de Lessa na concepção e execução do assassinato, conforme informações do Globo.
No dia do crime, Lessa estava ciente da rotina da vereadora, posicionando-se estrategicamente para evitar câmeras de segurança próximo ao local onde Marielle participava de um debate. Quando a vereadora saiu do evento e entrou no carro com Anderson Gomes e Fernanda Chaves, Lessa já havia preparado sua arma.
De acordo com Queiroz, Lessa observou o local com um binóculo até a saída da vereadora, seguindo então o veículo até emparelhar com ele em um cruzamento, onde deu a ordem para o ataque. “Eu só escutei a rajada; da rajada, começou a cair umas cápsulas na minha cabeça e no meu pescoço; Ele falou “vão bora”; eu nem vi se acertou quem, se não acertou”, detalha Queiroz na delação.
O crime ocorreu por volta das 21h15, com Marielle atingida por quatro tiros na cabeça. Ela morreu instantaneamente, enquanto Anderson foi baleado e também faleceu no local. Fernanda sobreviveu, apesar dos ferimentos causados por estilhaços.
No dia seguinte ao crime, Ronnie Lessa teria participado da eliminação das evidências, conforme relatado por Élcio. Além de modificar a placa do veículo utilizado na execução, os dois realizaram a limpeza do carro e recolheram as cápsulas de balas remanescentes. Enquanto se dirigiam a Rocha Miranda para descartar o veículo, eles optaram por seguir a rota ao longo dos trilhos do trem.
Segundo o relato de Élcio, Lessa ocupava o banco do passageiro e foi responsável por descartar os fragmentos da placa e as cápsulas ao longo do muro de proteção dos trilhos. A estratégia, conforme explicado por Élcio, visava mesclar o material com os cascalhos presentes na linha férrea.
Tentativa frustrada de matar Marielle
Durante a virada do ano de 2017 para 2018, Lessa teria revelado ter tentado assassinar a vereadora naquele mesmo ano. Segundo Élcio, o ex-PM, sob influência de álcool, compartilhou sua frustração por não ter conseguido concluir uma missão há algum tempo com dois comparsas: Maxwell Simões Correa, conhecido como Suel (preso em operação da PF), e Edimilson Oliveira, apelidado de Macalé (que foi assassinado em 2021).
Lessa então detalhou a noite em que eles tentaram executar a parlamentar. Ele ocupava o assento do passageiro, com Maxwell ao volante do Cobalt e Edimilson no banco traseiro com um fuzil Ak-47.
O relato indica que o trio chegou a se aproximar de um táxi que transportava a vereadora, também no bairro do Estácio, onde ela foi posteriormente assassinada. Entretanto, Suel não conseguiu posicionar o veículo para que Lessa efetuasse os disparos. Suel alegou que o carro teve um problema, mas Lessa desconfiou e acreditou que Suel estava com medo.
Delação premiada
O ex-PM aceitou o acordo sob a condição de unificação de penas, estabelecendo uma sentença total estimada entre 20 e 30 anos de prisão. Ele enfrenta atualmente dez processos criminais, incluindo acusações de duplo homicídio e tráfico de armas.
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