Saiba tudo sobre o desaparecimento de padre congolês em SP

Atualizado em 23 de julho de 2022 às 10:22
Montagem de duas fotos do Padre Quentin Venceslas Kolela na igreja
Padre Quentin Venceslas Kolela – Reprodução/Facebook

O padre congolês Quentin Venceslas Kolela, que atuava na Paróquia São Judas Tadeu, no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo, está desaparecido desde 3 de julho. Ao G1, colegas do religioso, que tem 40 anos e está no Brasil desde 2020, relataram que ele foi assediado e destratado por integrantes da Congregação dos Agostinianos da Assunção (Assuncionistas), da qual faz parte. Segundo os párocos, esse preconceito ocorreu principalmente por ele ser estrangeiro e não falar português e motivou sua saída.

Padre Kolela saiu da casa paroquial para almoçar e não retornou, pelo que consta em um comunicado divulgado pela paróquia nas redes sociais na sexta-feira (15). “Quando o Kolela saiu de casa, ele enviou uma mensagem dizendo: ‘Estou deixando a congregação, estou em outro lugar'”, disse ao portal de notícias da Globo o Superior Geral dos Assuncionistas no Brasil Luís Gonzaga da Silva, que mesmo com o recado decidiu registrar o desaparecimento em um BO, no mesmo dia em que o caso foi noticiado na internet. Já no dia 22, outro boletim de ocorrência foi registrado, desta vez na polícia de São Paulo.

Gonzaga, líder dos Assuncionistas, disse que registrou o desaparecimento de Kolela porque esperava novas comunicações após a sua saída. O padre revelou que, em conversa com um delegado amigo seu, surgiu a suspeita de que Kolela não tenha sido o autor da mensagem de despedida, e afirmou que sua preocupação é com o bem-estar de Kolela, que tem o visto de residência no Brasil intermediado pela Congregação dos Agostinianos da Assunção. Sendo assim, ele precisa comunicar formalmente sua saída da ordem, se for o caso.

“Queremos que o encontrem bem. Se ele não quiser voltar pra ordem, não tem problema, mas que dê uma satisfação, que consiste em uma carta pedindo desligamento. Essa carta é enviada para Roma, que vai olhar o pedido de saída dele. É assim que funciona”, disse Gonzaga.

Apesar dos relatos de que o congolês estava sofrendo uma pressão psicológica muito grande e por isso abandonou a Paróquia São Judas Tadeu, a Congregação dos Agostinianos da Assunção (Assuncionistas) disse que “não tem nenhum conhecimento sobre tais fatos”.

Em nota conjunta divulgada na última sexta-feira (22), a Congregação dos Agostinianos da Assunção e a comunidade paroquial de São Judas Tadeu disseram que as instituições “seguem apreensivas em busca de notícias do Padre Quentin Venceslas Kolela” e pediu que qualquer informação sobre o religioso seja comunicada às autoridades. “Conclamamos todo o povo de Deus e as pessoas de boa vontade a se unirem a nós em oração, para que este nosso irmão seja encontrado em segurança e com plena saúde”, diz trecho do texto.

Já a Arquidiocese de São Paulo declarou que “acompanha com apreensão o caso do desaparecimento do Padre Kolela Quentin Vencelas, missionário da Congregação dos Agostinianos da Assunção (Assuncionistas) e colaborador na Paróquia São Judas Tadeu, no Tatuapé”.

Procurada pelo g1, a Polícia Civil do Rio de Janeiro disse que “o caso foi registrado na Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) e encaminhado à Polícia Civil do Estado de São Paulo, que dará seguimento às investigações”. Em contrapartida, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou, em nota, que não localizou nenhum registro do desaparecimento de Kolela em seu sistema.

Questionada sobre a resposta da polícia paulista, a Polícia Civil do Rio de Janeiro declarou, nesta sexta (22), que, “de acordo com a Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), a cópia do procedimento foi enviada por meio digital (e-mail) para a Delegacia de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo, no mesmo dia da confecção do registro de desaparecimento na DDPA. O documento físico está em trâmite para a Polícia Civil daquele estado”.

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