Sakamoto: Advogado de general declama poesias, cita a sogra e joga Bolsonaro no sal

Atualizado em 3 de setembro de 2025 às 18:52
Andrew Fernandes Farias, advogado do ex-ministro da Defesa e general Paulo Sérgio Nogueira. Foto: Gustavo Moreno/STF

Por Leonardo Sakamoto, no UOL

Andrew Farias, defensor do general Paulo Sérgio Nogueira, pode não ter conseguido livrar o seu cliente de uma condenação, mas já foi o advogado mais empolgado até agora. E aquele que pode criar problemas para Jair Bolsonaro.

Gesticulando bastante, ele citou o romano Cícero, o português Fernando Pessoa, o maranhense Gonçalves Dias, Humpty Dumpty (o ovo antropomórfico falante do livro “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Caroll) e até um ditado da sogra dele.

Contou a história do general desde a infância, afirmando que ele deixou “sua rede branca, seu cachorro ligeiro”, no Ceará, para servir a nação, frisando seu “espírito pacificador desde seu colégio interno” até “chegar às estrelas, aos astros”.

Tentou tirar o corpo de seu cliente fora em várias ocasiões, dizendo que a relação entre o Ministério da Defesa, chefiado então por ele, e o Tribunal Superior Eleitoral foi de parceria. Na verdade, era de tensão, com a pressão dos militares para encontrar algum problema nas urnas eletrônicas. Vale lembrar, não encontraram.

E tiveram que assumir isso, em um relatório de novembro de 2022, que veio acompanhado de uma nota baseada em uma falácia vagabunda de que o fato de não terem encontrado nenhum problema não não significava que nenhum problema havia.

Até vitimizou o cliente, dizendo que ele foi tido por alguns como “frouxo” e “melancia” (verde por fora, vermelho por dentro) por não ter embarcado.

O mais importante, contudo, foi que jogou Bolsonaro na lama ao dizer, várias vezes, que o general tentou tirar a ideia de golpe da cabeça do então presidente. “Costumo dizer que o general atuou sim, mas atuou contra”, afirmou. Tanto que, ao final, a ministra Cármen Lúcia o questionou diretamente sobre isso e ele confirmou.