
O governo Lula aprendeu a não ser afoito e marcou um gol com a ligação entre Lula e Donald Trump realizada hoje. Não avisou antecipadamente que ela ocorreria, o que daria chance para traidores da pátria tentarem miar a conversa, a exemplo do que aconteceu com a (quase) reunião entre o ministro da Fazenda Fernando Haddad e o secretário do Tesouro Scott Bessent.
É cedo para dizer se a partida vai terminar com um placar que seja bom para os dois países. Não porque será o secretário de Estado Marco Rubio a conduzir as negociações, mas exatamente porque a palavra final vai ser do imprevisível presidente norte-americano —que pode fazer o louco, levar a bola embora e dizer que o Brasil agride os EUA.
Mas como a ligação partiu de Trump, os dois combinaram de se encontrar pessoalmente e até trocaram contatinhos, há um caminho a ser trilhado. Isso é reforçado pela postagem que ele fez logo depois em suas redes, dizendo que a conversa havia sido foi muito boa, focada em economia e comércio, e que os dois estarão juntos, em breve, no Brasil e nos EUA. “Eu apreciei a ligação”, afirmou.
O ranger de dentes nas redes bolsonaristas deixa claro que os seguidores perceberam que o deputado Eduardo Bolsonaro e o influenciador Paulo Figueiredo não possuem um monopólio do acesso à Casa Branca, como eu já disse aqui antes.
O presidente dos EUA pode até elogiar publicamente Bolsonaro, lembrando que a defesa de Jair foi a razão principal apontada por ele impor as tarifas de 50% contra os nossos produtos. Porém, na conversa telefônica de 30 minutos com Lula, ele foi ignorado —o que deveria acontecer com mais frequência dentro e fora do Brasil.

Apesar dos memes, não se espera que Lula e Trump tenham uma relação semelhante ao que o petista teve com George W. Bush. Lá sim, rolou uma química política, com direito ao norte-americano ajudar a pilotar grelha em churrasco na Granja do Torto. Um tom de civilidade entre parceiros econômicos hoje já estaria de bom tamanho.
A abertura, ainda que inicial, de um canal de diálogo entre os dois, contudo, já está gerando críticas de bolsonaristas contra o seu até agora ídolo laranja nas redes sociais.
Logo após Trump citar Lula em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, Eduardo Bolsonaro e seus assessores correram para ressignificar as declarações. O deputado federal vendeu a ideia de que, dessa forma, ele iria forçar o petista a aceitar uma anistia ampla a Bolsonaro. Incensando o norte-americano, chamou o de negociador genial.
Como Lula tem gestão zero sobre a condenação de Bolsonaro no STF, o argumento de que tudo foi um lance genial de Trump para pressionar o Brasil a ajudar Jair é conversa para boi dormir, voltada aos seguidores da extrema direita que acreditam na falácia de que o clã Bolsonaro e amigos eram os únicos com quem o presidente dos Estados Unidos falaria no Brasil.
O rebanho, agora, contudo, parece estar mais chateado com Trump do que com os traidores brasileiros, que seguem vendendo gato por lebre e urubu por águia careca. O que nos leva a uma pergunta: vai ter bandeira dos Estados Unidos nos atos bolsonaristas marcados para amanhã após a conversa de Lula e Trump?