
Por Leonardo Sakamoto, no Uol
Dos Estados Unidos, onde incita o governo Donald Trump a pressionar o Brasil para manter seu pai impune por tentativa de golpe, o deputado Eduardo Bolsonaro cometeu um erro mirim.
Uma coisa é atacar o ministro Alexandre de Moraes e o presidente Lula — ou seja, a cúpula dos Poderes Judiciário e Executivo. Outra é jogar pedras nos presidentes Hugo Motta e Davi Alcolumbre, chefes do Poder Legislativo, do qual ele faz parte.
Como é um tanto quanto grotesco um deputado se autoexilar no exterior para trair sua pátria, promover desemprego em massa e criar uma crise econômica, era de se esperar que seus pares dessem início ao seu processo de cassação.
Mas isso não ocorreu, numa tentativa de evitar a escalada de tensões no Parlamento. O deputado viu a estratégia como fraqueza. Passou a achar que tinha liberdade para chantagear a cúpula da Câmara e do Senado.
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Hoje, afirmou novamente, em entrevista ao jornal O Globo, que Motta e Alcolumbre podem vir a ser punidos pelos Estados Unidos caso não coloquem em pauta a anistia aos golpistas (entre eles, seu pai) e o impeachment de Moraes.
Enquanto isso, seus aliados ocupavam as mesas diretoras da Câmara e do Senado, impedindo a discussão de projetos importantes, como a isenção do Imposto de Renda. Diante disso, Alcolumbre marcou sessão remota, e Motta ameaçou suspender o mandato e retirar à força quem atrapalhar os trabalhos. Ninguém se torna presidente das Casas do Poder Legislativo por acaso.
O deputado, cavalgando uma ilusão de grandeza, vai cair do cavalo.