
Por Leonardo Sakamoto, no UOL
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) entrou na corrida presidencial para tentar forçar o centrão a aprovar uma anistia a seu pai ou, ao menos, reduzir consideravelmente os 27 anos e três meses de pena por tentativa de golpe. Ao mostrar que é o melhor colocado no primeiro turno contra Lula na pesquisa Genial/Quaest divulgada hoje, ele faz a egípcia diante do pânico do centrão: pague meu preço ou te devoro.
Nos seis cenários analisados, Lula varia de 34% a 41%, Flávio de 21% a 27%, enquanto governadores de oposição ficam em terceiro: Ratinho Júnior (13%), Tarcísio de Freitas (10%), Romeu Zema (6%), Ronaldo Caiado (4%). No segundo turno, Lula venceria Flávio por 46% a 36%, Tarcísio e Ratinho Júnior, por 45% a 35%.
É claro que se Flávio der lugar a outro com a benção de Bolsonaro, esse nome salta para segundo lugar. Dessa forma, mostra que, apesar de ainda estar na cadeia, o ex-presidente tem cacife para negociar.
Soma-se a isso uma pesquisa Datafolha publicada neste mês apontando resiliência da sua imagem. A parcela dos brasileiros que defende que Jair Bolsonaro agiu como um criminoso e deve ser punido e aquela que acha que ele não fez nada do que imputam a ele vêm se mantendo praticamente iguais, mesmo com indiciamento, denúncia, julgamento, condenação e confissão em vídeo de ter derretido a tornozeleira eletrônica.
O Datafolha apontou que 54% consideram a sua prisão justa enquanto 40% afirmam que não é. E esses números vêm se repetindo, sem grandes alterações, há mais de um ano, mesmo diante da atualização da pergunta.

Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão[
Muita gente na Faria Lima está rasgando o colete puffer, preocupada. Preferem Tarcísio de Freitas, tanto que os mercados tiveram uma síncope quando Jair ungiu seu primogênito Flávio como pré-candidato.
A pesquisa Quaest reafirma o preço do resgate da vaga para enfrentar Lula no segundo turno. Ou seja, se o centrão quiser rir com o governador paulista encabeçando uma chapa com a benção do ex-presidente, vai ter que pagar um faz me rir a Jair Messias antes. Flávio é, por enquanto, o “bode na sala”. Mas se o centrão não quiser pagar, é ele quem estará na urna eletrônica.