Sakamoto: fortuna de Bolsonaro mostra que golpe gera Pix que financia mais golpe

Atualizado em 22 de agosto de 2025 às 11:09
O ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal durante análise da denúncia da PGR sobre a trama golpista, em março. Foto: Fellipe Sampaio/STF

Por Leonardo Sakamoto, publicado no UOL

Após tentar um golpe de Estado, Jair Bolsonaro ficou (mais) rico. Recebeu R$ 44,3 milhões em suas contas bancárias entre março de 2023 e junho de 2025, de acordo com análise da Polícia Federal usando o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

A maior parte do cascalho (R$ 20,7 milhões) veio via Pix, sendo que R$ 19,3 milhões entre março de 2023 e fevereiro de 2024, fruto de uma campanha que seus aliados fizeram para pagar multas e advogados decorrentes dos processos judiciais. Foram 1.214.254 lançamentos. A PF aponta que há suspeitas de lavagem de dinheiro.

Já era sabido, pois confessado pelo próprio ex-presidente, que ele transferiu R$ 2 milhões do que foi doado para financiar seu filho Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos. Ou seja, financiar a conspiração do deputado federal, que está incitando o governo Donald Trump a baixar sanções contra o Brasil a fim de suspender o julgamento de seu pai. Como o tarifaço, que gera desemprego por aqui.

Além disso, a PF cita que foram remetidos mais R$ 30 mil em março e R$ 40 mil em abril, deste ano, quando Eduardo já estava nos EUA. Golpe gera Pix que financia mais golpe contra o país.

Em maio, o ex-ministro Gilson Machado veio a público lembrar ao seguidor fiel de Jair que a causa precisava dele novamente, e, principalmente, do seu Pix. Funciona assim a “nova economia patriótica”, da qual já tratei e aqui atualizo com um quinto item, dado o andar das investigações:

Passo 1: Tente um golpe de Estado em nome da “salvação nacional“.
Passo 2: Seja processado e/ou condenado.
Passo 3: Lance um Pix e espere que os fiéis seguidores resolvam.
Passo 4: Invista com segurança o que arrecadar.
Passo 5: Use o dinheiro para tentar um novo golpe.

Jair Bolsonaro, então presidente, com seu celular na mão durante evento no Palácio do Planalto, em 2019. Foto: André Coelho/Folhapress

Investir com segurança sim, porque o Coaf, órgão de combate à lavagem de dinheiro, identificou que parte significativa do cascalho foi aportado por Bolsonaro em CDBs e RDBs, ou seja, renda fixa, ainda no primeiro semestre de 2023 — quando houve a campanha de doações via Pix. Quanto maior a taxa básica de juros, mais ele ganha.

Na “nova economia patriótica”, o brasileiro de extrema direita sabe que seu dinheiro será bem investido e que retornará, com juros, em mais tentativa de golpe.

Em tempo: Considerando que Bolsonaro nunca gostou muito de DOCs e TEDs, preferindo comprar imóveis e pagar contas usando dinheiro vivo para voar abaixo do radar dos órgãos de fiscalização, está sendo uma ironia gigantesca ele ser investigado por cometer crimes envolvendo Pix.