Sakamoto: fraude em vacina ajudou Bolsonaro a criar álibi para atos golpistas

Atualizado em 19 de março de 2024 às 12:32
O ex-presidente Jair Bolsonaro. (Foto: Reprodução)

Leonardo Sakamoto

As falsificações nos certificados de vacina para covid-19 de Jair Bolsonaro e de sua filha, Laura, devem ser vistas no contexto do golpe de Estado que o então presidente pretendia dar. Era a garantia de que ele poderia permanecer fora do Brasil durante os atos golpistas de 8 janeiro, criando um álibi para o seu envolvimento no levante.

Não à toa, a Polícia Federal vê esse inquérito conectado às investigações sobre a tentativa de dissolução do Estado democrático de Direito.

Desde que bolsonaristas vandalizaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, o ex-presidente vem dizendo que não tem nada a ver com a história porque estava nos Estados Unidos no dia. Justificativa pueril, mas que cola com parte de seus seguidores mais radicais e vem sendo usada em seus depoimentos às autoridades.

A Polícia Federal indiciou Jair, seu ex-faz-tudo hoje convertido em delator-geral, Mauro Cid, o major expulso do Exército Aílton Barros e mais 14 pessoas. Eles são apontados como parte de uma associação criminosa usada para inserir dados falsos no sistema público de vacinação.

O certificado é fundamental não apenas para a admissão nos EUA mas também para a entrada em estabelecimentos comerciais. O que é importante para alguém que pretendia permanecer por um longo tempo no país.

Em tese, Bolsonaro não se vacinou e, portanto, não tinha o documento — durante sua passagem por Nova York, durante a Assembleia Geral da ONU, ainda como presidente, ele não pode entrar em uma série de restaurantes, por exemplo.

A fraude no cartão de vacina é uma etapa, das várias já identificadas, do planejamento golpista do ex-presidente da República.

Lula falando em microfone com bandeiras ao fundo, com expressão séria
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva. (Foto: Reprodução)

Vale lembrar que seu plano a era dar um golpe de estado ainda no poder. Como não conseguiu apoio até o final de dezembro de 2022, foi para o plano B, na expectativa de que seus seguidores mais fiéis quebrassem a capital federal enquanto ele estava entocado nas cercanias da Disney. E, a partir daí, militares simpáticos a ele assumiriam o controle após o governo Lula decretar uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) diante da barafunda.

Mas a GLO não veio, nem a intervenção dos militares, nem o golpe. E, agora, a dor de cabeça por fazer de conta que se vacinou está nas costas de Jair.

Originalmente publicado na coluna de Leonardo Sakamoto, no Uol

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