
Por Leonardo Sakamoto, no UOL
Após desrespeitar decisões judiciais, Jair Bolsonaro ficou no lucro aos ser mantido em prisão domiciliar ao invés de ir cumprir uma preventiva na carceragem da Polícia Federal ou na Papuda por tentar atrapalhar o seu julgamento por tentativa de golpe. Mesmo assim, a diretora do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, achou por bem debochar das condicionantes que mantém o seu marido longe do xilindró.
Reclamou que a polícia revistou o seu Fusca na saída do condomínio em que mora com Jair-réu. “Vocês acham que na frente de um fusca – onde fica o estepe – cabe um homem de 1,85? Pois bem, hoje o meu fusquinha foi para a oficina e tivemos que abrir a frente só para conferir se o Jair não estava escondido lá! Do jeito que andam as coisas, daqui a pouco pedem para abrir o porta-luvas, né”, postou nas redes.

A pedido da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal, o ministro Alexandre de Moraes autorizou “vistorias nos habitáculos e porta-malas de todos os veículos que saírem da residência do réu, para fins de incremento nas atividades de monitoramento”. E foi isso o que os agentes fizeram. O porta-malas de um Fusca é pequeno, mas a inventividade humana não tem limite.
O diretor-geral da Polícia Federal havia recomendado ao ministro Alexandre de Moraes que colocasse agentes 24 horas por dia, sete dias por semana, dentro da casa do ex-presidente Jair Bolsonaro para impedir uma fuga. Ele avaliava que a decisão do STF, seguindo sugestão da Procuradoria-Geral da República, de manter a Polícia Penal nas proximidades da residência para evitar que Jair escafeda-se à embaixada dos Estados Unidos e lá peça asilo, não resolve.
Tornozeleira pode ser eletrônica, mas não é infalível. E Jair já fez AirBnb de fuga na representação da Hungria e produziu pedido de refúgio para a Argentina.
Para evitar tumultuar a vida privada da família, Moraes optou por exigir a revista.
Não cabe aos agentes questionarem uma ordem simples do STF, de revista a todos os veículos, sob o risco de deixarem passar algo. Decisão judicial se cumpre. E ponto final. O clã Bolsonaro continua não entendendo esse aspecto simples e direto da vida em um democracia.
A ex-primeira-dama deveria agradecer à santa revista no porta-malas que mantém o seu companheiro ao seu lado. Pelo menos, por enquanto.