
O ministro Luiz Fux pediu à Presidência do STF para ser transferido da Primeira para a Segunda Turma. A consequência imediata disso é que ele ficaria de fora dos julgamentos dos próximos núcleos da trama golpista. A outra, de maior impacto, é que, ao lado dos ministros André Mendonça e Kassio Nunes Marques, poderia criar um “mini-STF” mais favorável a demandas bolsonaristas na Segunda Turma.
A informação foi divulgada por Cézar Feitosa, na Folha de São Paulo de hoje. O ministro trocaria de lugar com o substituto de Luís Roberto Barroso, que deve ser indicado por Lula em breve. Como ele é mais antigo, tem essa preferência.
Ironicamente, ele iria ser colega de turma do ministro Gilmar Mendes com quem teve um bate-boca que se tornou público na semana passada, no qual o decano criticou a postura de Fux no longo voto para absolver Jair Bolsonaro e no pedido de vistas que travou uma ação contra Sergio Moro — a vítima da calúnia é o próprio Gilmar.
Hoje, no julgamento do núcleo de desinformação da trama golpista, Fux cutucou o decano, criticando manifestações de “ministros que não participam dos julgamentos da turma”. Esse clima pra lá de saudável pode ser a tônica da Segunda Turma, com a diferença que Fux poderia impor derrotas à posição do Gilmar.

Com a mudança de postura quanto aos golpistas, Fux não deu um presente para o bolsonarismo de 2027, caso vença as eleições na figura de um apadrinhado do ex-presidente e os ventos políticos mudem nas instituições. Pois não é que ele entregou o caminho para os advogados dos réus tentarem reverter a condenação de Jair e aliados no futuro, os advogados dos réus é que entregaram a Fux o caminho para ele ter influência num futuro governo de direita.
O que o ministro faz é um regalo para o bolsonarismo de hoje, estimulando a extrema direita nas redes, nas ruas e no Congresso Nacional tanto para atacar o STF quanto para pressionar pela aprovação de uma anistia que beneficie Jair.
Se um nome alinhado ao ex-presidente, como o governador Tarcísio de Freitas, ganhar a eleição, Fux (por quem Lula não tem muito apreço), Mendonça e Nunes Marques (indicados por Jair) muito provavelmente terão mais poder do que têm hoje. O que significará influência para indicar nomes para o Superior Tribunal de Justiça, Tribunais Regionais federais, entre outros postos nos Poderes Judiciário e Executivo.
O mini-STF pode virar metade da corte. Até lá, Fux, que não é bolsonarista, mas sabe aproveitar bem uma oportunidade, se encastela.