Sakamoto: IA leva esquerda a marcar gol nas redes ao tratar de ricos contra pobres

Atualizado em 4 de julho de 2025 às 6:30
Peças produzidas com o Veo 3 do Gemini, plataforma de IA do Google, tratam do embate entre ricos e pobres. Foto: Reprodução

Por Leonardo Sakamoto, no UOL

Apoiadores do governo Lula e do PT marcaram um golaço ao usar inteligência artificial para produzir vídeos que ilustram que a classe média baixa e os pobres pagam mais impostos do que os ricos no Brasil.

O tema ganhou as redes com a briga entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional sobre o aumento do IOF, mas não apenas. Trata também da taxação de bilionários e multimilionários e da isenção do Imposto de Renda para boa parte da classe média.

Dada a dificuldade em avançar com medidas para garantir que os super-ricos paguem proporcionalmente tanto imposto quanto a classe trabalhadora, os vídeos criticam o fato de o parlamento proteger o andar de cima enquanto estala o chicote no andar de baixo.

Peças produzidas facilmente com o Veo 3 do Gemini, a plataforma de IA do Google, viralizaram aos milhões, furando a bolha — algo que estamos acostumados a ver com mais frequência a partir de material da direita e da extrema direita. E, ao serem compreendidas pelo grande público, incomodaram. Tanto que o presidente da Câmara, Hugo Motta, foi às redes para retrucar, e outras lideranças estão irritadas com a mobilização.

Inteligência artificial é uma ferramenta que pode ser usada para o bem ou para sacanagens que causam prazer apenas a quem as comete. Não há problema algum em ela ser empregada para ilustrar ideias e ajudar no debate público, reduzindo custos e o tempo de produção de vídeos, computação gráfica e afins. A esquerda, que é criticada pela explicação abstrata de algumas de suas pautas junto ao grande público, tende a se beneficiar bastante com ela.

A questão é quando a IA é empregada para colocar palavras na boca de pessoas, principalmente figuras públicas, imputando crimes a elas ou as usando para cometer golpes — o pobre do doutor Drauzio Varella que o diga.

Não há dúvida de que isso acontecerá a torto e a direito nas eleições de 2026, e a Justiça Eleitoral, por mais preparada que ache que esteja para enfrentar isso, não conseguirá dar conta. Sim, podemos esperar manipulação em massa da opinião pública.

A direita vem fazendo encontros com influenciadores para fomentar a produção de conteúdo digital, incentivando o uso de IA. A esquerda, agora, vem fazendo a mesma coisa, mostrando que, finalmente, pode ter aprendido a lição de casa.