Por Leonardo Sakamoto
As imagens que mostram Fernando Sastre, que matou um motorista de aplicativo com seu Porsche de R$ 1,3 milhão, sendo liberado por policiais militares sem teste de bafômetro após pressão de sua mãe, reforça a importância de o governo de São Paulo voltar a investir na política de câmeras em fardas de agentes.
A voz do rapaz de 24 anos demandaria por si a aplicação do bafômetro. Contudo, sua progenitora conseguiu retirá-lo de lá sob a justificativa de que o levaria a um hospital, coisa que nunca ocorreu. Com isso, foi enterrada a possibilidade de medir o álcool (bombado no sangue devido a drinks consumidos em um cassino) e de prisão em flagrante.
Dada a forma como funciona a nossa sociedade, desconfia-se que, se ele fosse pobre e negro, essa falha não ocorreria.
Apesar de serem casos diferentes, a parente pobre do “tio Paulo”, que tentou convencer um cadáver a assinar um empréstimo bancário, está presa até hoje, apesar de não ser um risco à sociedade ou à investigação.
As câmeras corporais, que se tornaram um dos principais assuntos da eleição para o comando do Estado de São Paulo, em 2022, voltaram às manchetes por causa das mortes cometidas por policiais na Baixada Santista. E também por uma declaração do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) no começo do ano. Ele afirmou que elas não são efetivas para garantir mais segurança à população e que sua gestão não irá investir em novos equipamentos.
“A gente não descontinuou nenhum contrato [das câmeras nas fardas]. Os contratos permanecem. Mas qual a efetividade das câmeras corporais na segurança do cidadão? Nenhuma”, disse em entrevista ao Bom Dia SP, em 2 de janeiro. Tarcísio foi crítico ao equipamento durante a campanha.
Não preciso dizer que liberar uma pessoa bêbada após ela matar uma pessoa afeta sim a segurança da população ao passar a mensagem de que esse tipo de coisa é permitida pelas forças policiais.
Nesta semana, o governador se comprometeu com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, a ampliar o uso de câmeras. Vale lembrar, contudo, que não basta apenas garantir a existência do aparelho, mas que as imagens sejam repassadas à Polícia Civil e ao Ministério Público com celeridade – o que não vem, necessariamente, ocorrendo.
Levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, do ano passado, mostra que os batalhões que adotaram as câmeras tiveram redução de 76% na letalidade em serviço.
Mas a discussão não se limita à questão da letalidade policiais. Pois, se por um lado, em um país violento e com impunidade elevada, como o nosso, o discurso de “bandido bom e bandido morto” dá voto, por outro, a constatação da corrupção e da incompetência tira.
Publicado originalmente no Uol.
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