Salman Rushdie não é Michelle Bolsonaro. Por Luis Felipe Miguel

Atualizado em 12 de agosto de 2022 às 20:18
Salman Rushdie

Por Luis Felipe Miguel

A fatwa lançada contra Salman Rushdie, em 1989, simbolizou o início de uma nova era da intolerância religiosa.

Na ocasião não faltou quem, no parlamento britânico, pregasse a proibição do romance que causou a ira do Aiatolá Khomeini.

A defesa da liberdade de expressão recuava. Na ocasião, sobretudo por covardia.

Em seguida, vieram outras justificativas, algumas pretensamente “progressistas”, como as de todos que, décadas depois, culpariam os humoristas do Charles Hebdo pelo atentado que sofreram.

Eu não tenho dúvida de que o direito à blasfêmia – contra qualquer deus, de qualquer religião – é uma das maiores conquistas da nossa civilização.

E ela é muito diferente da intolerância religiosa ou da incitação ao ódio. É o direito de não acreditar e de manifestar publicamente sua descrença.

(Desenhando o que quero dizer: Salman Rushdie não é Michelle Bolsonaro. Na verdade, são antípodas.)

O escritor britânico levou uma vida de cão desde a fatwa, vivendo escondido, sempre com medo. Com razão, como comprova o brutal atentado de hoje.

Torço para que resista. Assim como torço, mas daí com bem menos esperança, que o fanatismo religioso seja banido do mundo.

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