Sandy e Gadú: o sensacionalismo transforma heteros em lésbicas para ganhar cliques. Por Nathalí Macedo

Atualizado em 24 de agosto de 2018 às 13:09
Maria Gadú e Sandy. Foto: Reprodução/Extra/Divulgação

MARIA GADÚ ABRAÇA SANDY E A ENCHE DE ELOGIOS: ‘ÍDOLA DA VIDA TODA’. 

Essa é apenas uma das dezenas de chamadas sensacionalistas que jornais como o Extra, G1, Uol e outros – dos mais “sérios” aos sites de fofoca – publicam com ilações “inocentes” sobre a relação entre as duas cantoras: Sandy heterossexual, casada com Lucas Lima, bela, recatada e do lar, e Gadú declaradamente lésbica. 

São dezenas de matérias com chamadas como “Sandy extrapola o tempo da delicadeza em música inédita gravada com Maria Gadú”, ou “Sandy e Maria Gadú tomam cachaça e se divertem ao gravar música em parceria”, ou ainda “Sandy bebe cachaça, é corrigida gramaticalmente e lança música ‘No escuro’ com Maria Gadú em websérie” e, talvez a melhor de todas, “Sandy emociona mais do que deveria Maria Gadú em show” (????).

 “Emociona” é um péssimo eufemismo para o caso.

O G1 transformou uma declaração de amizade e admiração de Maria Gadú para Sandy em uma especulação barata de romance homossexual.

Fora a breguice, o que seria “extrapolar o tempo da delicadeza?” 

A mídia faz um esforço surreal para se apropriar de movimentos sérios como o LGBTQ(cedário), inclusive transformar mulheres heterossexuais em potenciais lésbicas enquanto exploram descaradamente a intimidade das verdadeiras lésbicas – como Fernanda Gentil, por exemplo, um argumento de pesquisa que rende centenas de notícias de fofoca no Google. 

Fazer fofoca pode até ser divertido de vez em quando, mas definitivamente é coisa de quem não tem nada de útil pra fazer – ou simplesmente se recusa.  

Trata-se de caçar clique, apenas.

“Tartarugas vivem mais de 100 anos porque cuidam apenas da própria vida”, noticiou certa vez o próprio G1. 

É uma especulação orquestrada para explorar midiaticamente o que para eles ainda é um grande furo: a vida sexual alheia. 

Deixem as sapatão em paz.