
Na reta final do julgamento no STF, aliados de Jair Bolsonaro passaram a insistir em um enredo já conhecido: o da vitimização. O discurso da vez é o da “saúde debilitada” do ex-presidente, usado como justificativa indireta para empurrar a anistia.
Carlos Bolsonaro chegou a dizer que o pai “não está bem, mas resiste”, enfrentando soluços e refluxos constantes, dependente de medicações “indispensáveis e extremamente controladas”. Já Ciro Nogueira declarou publicamente que Bolsonaro estaria “muito triste e muito debilitado”.
– Nesses últimos dias tenho acompanhado meu pai, que depende de medicações indispensáveis e extremamente controladas para cada hora e situação com a finalidade de tentar manter sua saúde. O velho não está bem, mas resiste, mesmo enfrentando soluços e refluxos constantes. A…
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) September 3, 2025
É difícil levar tais relatos ao pé da letra, sobretudo quando partem de um personagem acostumado a enganar.
O histórico de mentiras de Bolsonaro contamina qualquer tentativa de convencimento por meio da fragilidade física.
Nogueira foi além, com frases de efeito que beiram a chantagem: “Sofre o tempo todo com soluço, passando mal, vomitando. Se botarem ele na cadeia, é porque querem matar o Bolsonaro. Eu espero que não exista esse espírito no Supremo, de querer matar o presidente”.
A tentativa é explícita: transformar o julgamento em ameaça de “assassinato” judicial para blindar um golpista. A saúde vira cortina de fumaça, um artifício tosco para pressionar ministros e manipular a opinião pública em favor da anistia dos golpistas.