Scotland Yard investiga militante de extrema direita que ameaçou repórter do DCM

Atualizado em 10 de outubro de 2020 às 19:15
Leonardo Antonio Corona Ramos. Foto: Reprodução

O engenheiro Leonardo Antonio Corona Ramos, que ameaçou o repórter Pedro Zambarda em razão de uma reportagem publicada pelo DCM, passou a ser oficialmente investigado hoje pela Metropolitan Police do Reino Unido, mais conhecida como Scotland Yard.

É que, a pedido do DCM, uma advogada britânica entregou à polícia os registros da ameaça, bem como os dados sobre sua identidade, como passaporte e outros documentos do Brasil. A informação colhida pelo próprio Zambarda dá conta de que ele estaria morando na capital inglesa, depois de passar uma temporada nos EUA.

A Scotland Yard aceitou o pedido de investigação e agora vai tentar localizá-lo para que preste depoimento. Se ele estiver em situação ilegal no país, será expulso.

Leonardo foi citado em uma reportagem do DCM sobre os novos gabinetes do ódio, que, copiando o original, ligado a Bolsonaro, promovem o linchamento virtual para amedrontar adversários.

No caso, a vítima era a jornalista Patrícia Lellis, que mora nos EUA. Patrícia foi militante da juventude do PSC, ex-partido de Bolsonaro, antes de se tornar crítica do presidente e do bolsonarismo.

A jornalista entregou cópia de mensagens de Corona e da namorada com ofensas e intimidação.

O DCM fez a reportagem e buscou ouvi-lo. Também procurou seu antigo chefe, o deputado Conte Lopes, do PP, de quem ele teria sido funcionário fantasma.

Conte Lopes se manifestou, e a resposta foi publicada na íntegra pelo site.

Dias depois, Leonardo mandou uma mensagem por WhatsApp a Pedro Zambarda, certamente por ter tomado ciência do número do repórter através do e-mail que foi enviado para que se manifestasse.

“Seu filho de uma putinha. Escuta aqui, quem você acha que é para postar uma matéria defendendo uma puta mitomaníaca? Você não tem medo de apanhar na rua seu gay de merda? Você deveria pensar muito bem antes de postar coisas envolvendo o Conte e todas essas suas fantasias. Seu merda. Apaga o c*ralho dessa matéria seu filho de uma puta! Jornalista de merda. Quer dar o cu? Acha quem quer te comer seu bosta. Tá recebendo quanto pra postar essa merda?”, disse.

Zambarda não respondeu.

No mesmo dia, Corona incluiu o número do repórter do DCM em um grupo de WhatsApp. E então cometeu um crime ainda mais grave do que os de injúria, calúnia e difamação.

Do telefone usado pelo ex-assessor de Conte Lopes, foi feita uma ameaça de morte. Escreveu:

“Esse vai ser o último aviso que eu vou dar. Apaguem a matéria envolvendo meu nome. Porque se não a próxima matéria vai ser de quantos tiros vocês levaram”.

O print da ameaça feita ao repórter do DCM

A ameaça, como se vê, é extensiva a outras pessoas do DCM.

Acompanhado do advogado do site, Pedro Zambarda registrou a ocorrência no 18o. Distrito de Polícia, no Alto da Mooca, São Paulo, que decidiu encaminhar o BO para o 51o. Distrito de Polícia, no Rio Pequeno, que abriu inquérito.

Agora Corona passa a ser investigado também na Inglaterra.