
Lula disse nesta quinta-feira, em fala na TV, que o ataque de Trump ao Brasil é uma chantagem. Foi no trecho em que o presidente lembra que, desde maio, tenta negociações com o governo americano:
“Esperávamos uma resposta e o que veio foi uma chantagem inaceitável, em forma de ameaças às instituições brasileiras, e com informações falsas sobre o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos”.
A palavra “chantagem” aparece em todas as chamadas do Jornal Nacional desde o começo dos ataques. Todas as manchetes, no que chamam de escalada (na abertura do JN, com o resumo do que o jornal vai noticiar), têm a palavra “chantagem”.
Os jornalistas da Globo, orientados a seguir a mesma linha, atacam a chantagem, incluindo Merval Pereira. É o que acontece também na Folha e no Estadão.
Mas o jornalismo das corporações tem exceções, e as mais destacadas são as vozes de William Waack e J.R. Roberto Guzzo, no Estadão. Os dois acham que Lula é o culpado pela chantagem.
São dois dos mais reacionários jornalistas brasileiros, sem equivalentes nem mesmo na ditadura. Os militares eram cruéis e assassinos, mas eram também nacionalistas — como também era a maioria dos jornalistas que lhes davam suporte.
Os vira-latas que hoje aplaudem Trump fazem o jogo da extrema-direita e da CNA, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, do agro pop desmatador e grileiro de terras. William Waack e J.R. Guzzo seriam aberrações no jornalismo no tempo de Médici.