Se até a Globo fala em chantagem. Por Moisés Mendes

Atualizado em 18 de julho de 2025 às 7:01
Lula e Donald Trump. Foto: Reprodução

Lula disse nesta quinta-feira, em fala na TV, que o ataque de Trump ao Brasil é uma chantagem. Foi no trecho em que o presidente lembra que, desde maio, tenta negociações com o governo americano:

“Esperávamos uma resposta e o que veio foi uma chantagem inaceitável, em forma de ameaças às instituições brasileiras, e com informações falsas sobre o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos”.

A palavra “chantagem” aparece em todas as chamadas do Jornal Nacional desde o começo dos ataques. Todas as manchetes, no que chamam de escalada (na abertura do JN, com o resumo do que o jornal vai noticiar), têm a palavra “chantagem”.

Os jornalistas da Globo, orientados a seguir a mesma linha, atacam a chantagem, incluindo Merval Pereira. É o que acontece também na Folha e no Estadão.

Mas o jornalismo das corporações tem exceções, e as mais destacadas são as vozes de William Waack e J.R. Roberto Guzzo, no Estadão. Os dois acham que Lula é o culpado pela chantagem.

São dois dos mais reacionários jornalistas brasileiros, sem equivalentes nem mesmo na ditadura. Os militares eram cruéis e assassinos, mas eram também nacionalistas — como também era a maioria dos jornalistas que lhes davam suporte.

Os vira-latas que hoje aplaudem Trump fazem o jogo da extrema-direita e da CNA, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, do agro pop desmatador e grileiro de terras. William Waack e J.R. Guzzo seriam aberrações no jornalismo no tempo de Médici.

Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/