Se Eduardo Paes desmoralizou a tocha olímpica, um músico carioca a reabilitou com seu “Fora Temer”. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 3 de agosto de 2016 às 22:29

tocha

 

Minha amiga Márcia Oliveira me deu a dica. A medalha de ouro do “Fora Temer” já tem dono. Tarcisio Carlos Rodrigues Gomes,  músico de 31 anos, fez o protesto mais apropriado da temporada.

O COB o convidou para carregar o chamado “fogo olímpico” porque ele faz parte de dois blocos no Rio de Janeiro, “Amigos da Onça” (pois é) e “Vulcão Erupçado”.

O COB acha que isso é uma honraria. Quando lhe ligaram, Tarcisio achou que se tratasse de uma pegadinha. Acabou topando.

Há um protocolo: o condutor assina um termo se comprometendo a não se manifestar politicamente. O revezamento, no papel, é “apartidário e apolítico”.

Na vida real, é uma idiotice. A Globo escalou todos os seus funcionários para participar da palhaçada, com exceção de William Waack, que está no meio de um torneio de corrida de crucifixos na Transilvânia com José Serra.

O prefeito do Rio, sem noção, correu com a tocha uniformizado, sendo o primeiro político no exercício de suas funções a fazê-lo desde 1896.

O jovem Tarcisio preparou uma surpresa. Mandou escrever “Fora Temer” na bunda, vestiu biquíni de oncinha, pôs uma bermuda por cima e esperou lhe darem o trofeu.

Na hora agá, baixou as calças e saiu na rua do Livramento. Claro que os amigos estavam lá filmando tudo. A polícia o segurou, tirou-lhe a tocha e liberou Tarcisio, que continuou festejando com sua banda, agora sob os aplausos da galera.

Que o espírito anárquico de Tarcisio ilumine Gil e Caetano quando estiverem fazendo o show de abertura com o apanágio do interino. Não precisam nem de tanga, peça da qual eles já abusaram em seus verdes anos. Basta tocar “Odeio Você” e aguardar o refrão.

(OK. Esse trecho piegas pode ser dispensado deste artigo. É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que a dupla de baianos fazer qualquer coisa parecida parecida um gesto de rebeldia. Esquece. Mas que ia ser bonito, ia, é ou não é?)