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Se fosse sério, o governo Temer deveria perder uma cabeça por semana. Por Carlos Fernandes

Bruno Júlio e Temer

 

Mais uma cabeça rolou na quadrilha formada por Michel Temer em torno do palácio do Planalto.

Sem precedentes na história democrática brasileira, não passa um santo mês sem que um ministro ou secretário do governo seja demitido por envolvimento em casos de corrupção, tráfico de influência, abuso de autoridade ou simplesmente tenha exposto a natureza mesquinha que norteia todo o centro da atual política nacional.

O premiado da vez foi o Secretário Nacional da Juventude, Bruno Júlio (PMDB-MG). Um insignificante até então desconhecido cuja atuação na pasta que ocupava transitou entre o zero e o nada.

A permanência de Júlio no cargo ficou insustentável após o “humanista” ter declarado em entrevista ao jornal O Globo que, em relação à sucessão de massacres que vem acontecendo nos presídios brasileiros, “tinha era que matar mais”, “tinha de ter uma chacina por semana”.

Eis a seriedade e o comprometimento com que o governo Temer tenta resolver o abominável problema das superlotações nos presídios brasileiros que faz com que todo o sistema penal desses país seja um gigantesco barril de pólvora prestes a explodir.

Mas a verdadeira surpresa na demissão sumária de Júlio está no fato de ter acontecido antes do que deveria ser a demissão do próprio ministro da justiça, o atabalhoado – para sermos bondosos – Alexandre de Moraes.

Responsável direto pela chacina no maior presídio de Roraima ao negar o envio das tropas da Força de Segurança Nacional solicitado em regime de urgência, Moraes é mais parte do problema do que da solução, que, convenhamos, nunca esteve tão longe de ser atingida, dada as opiniões dos excelentíssimos ministros de Temer e, claro, do próprio Temer.

A manutenção de Moraes à frente do Ministério da Justiça além de ser mais um tributo à incompetência já tantas vezes celebrado nesta gestão, é também a expressão máxima da conivência desse governo quando o assunto é conflito de interesses.

Não é preciso lembrar o envolvimento de Alexandre de Moraes com o Primeiro Comado da Capital (PCC) quando o atual ministro atuou como advogado de defesa em pelo menos 123 processos envolvendo a cooperativa de transporte Transcooper.

Na época a Transcooper fazia parte das cinco associações e empresas citadas em investigações relacionadas a supostas formação de quadrilha e lavagem de dinheiro ligadas diretamente ao PCC.

Querer que seja exatamente esse o sujeito a livrar nossos presídios do controle dessas facções criminosas é algo que foge do campo da realidade em direção ao mesmo delírio de terem colocado Temer como solução moral e ética dessa nação.

À medida que entendemos que o problema prisional brasileiro é urgente, gritante e que diz respeito a cada um de nós, entendemos que um dos principais caminhos para a sua solução é a limpeza semanal deste governo até a “decapitação” de seu maior expoente, o pavoroso acidente Michel Temer.

 

Carlos Fernandes

Economista com MBA na PUC-Rio, Carlos Fernandes trabalha na direção geral de uma das maiores instituições financeiras da América Latina

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