“Se Goebbels estivesse vivo e tivesse acesso ao X, estaríamos condenados”, diz Moraes

Atualizado em 8 de abril de 2025 às 7:51
Alexandre de Moraes na New Yorker. Foto: Fábio Setti

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi recentemente retratado em um perfil da revista The New Yorker, uma das mais influentes dos Estados Unidos. No texto assinado pelo renomado jornalista Jon Lee Anderson, Moraes, conhecido como “Xandão”, é descrito como um “jurista combativo”, frequentemente apontado como o segundo homem mais poderoso do Brasil.

Ele é retratado em um contexto de guerra política, em que ele e seus aliados buscam controlar a realidade política em meio ao embate contra uma coalizão internacional de influenciadores de direita, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, Elon Musk e o presidente dos EUA, Donald Trump.

Moraes, que se tornou conhecido por suas ações contra extremismo digital, foi alvo de críticas, especialmente de figuras como Trump e Musk, que acusam o ministro de censura e de infringir a liberdade de expressão ao bloquear contas de influenciadores de direita.

O próprio Moraes, no entanto, defendeu sua postura, apontando que as redes sociais são “o maior poder de todos” e estão sendo usadas para manipular eleições. “Se Goebbels [ministro da propaganda de Hitler] estivesse vivo e tivesse acesso ao X (ex-Twitter), estaríamos condenados. Os nazistas teriam conquistado o mundo”, declarou, evidenciando sua preocupação com o uso descontrolado da internet por grupos radicais.

Esse comentário, além de uma crítica direta ao poder de manipulação digital das redes sociais, também revela a preocupação de Moraes com o que ele considera um crescente autoritarismo digital. De acordo com o ministro, a direita radical, liderada por figuras como Bolsonaro, manipulou a palavra “liberdade” e a associou com uma falsa defesa da democracia, numa “lavagem cerebral” impressionante.

O perfil de Moraes também discute as tensões políticas do Brasil, destacando que o país se tornou um campo de testes para estratégias de poder político online. Moraes aponta que a direita radical tem usado a internet como uma ferramenta para enfraquecer as instituições democráticas, sem jamais declarar abertamente sua oposição à democracia. Ele considera este populismo como “altamente estruturado e inteligente”, mas também extremamente perigoso.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também foi citado no perfil, falando sobre o impacto das novas dinâmicas digitais na política global. Ele afirmou que a internet transformou a forma de governar, enfraquecendo os Estados, e criticou a presença de empresas poderosas como a Starlink, de Elon Musk, no Brasil, especialmente na Amazônia. Lula ressaltou: “Nenhuma empresa, por mais poderosa que seja, colocará nossa democracia em risco”, deixando claro que o governo brasileiro não se curvará à pressão de influências externas.