PUBLICADO NO FACEBOOK DO AUTOR
Eu nem ia falar de Lya Luft. Nunca gostei da literatura dela, mesmo antes dela virar uma espécie de porta-voz da UDR na revista Veja. E não acho que seja necessário retirá-la do merecido anonimato em que caiu.
Mas Lya Luft me parece um belo emblema dos neoconvertidos à democracia que pululam pelo Brasil.
Ela diz que votou em Bolsonaro e se arrependeu. Tenta dourar a pílula dizendo que “não havia alternativa”, já que a prioridade era derrotar o petê.
Dá vontade de perguntar se, àquela altura, ela tinha dúvida de que estava votando num autoritário primitivo, com inclinações fascistas, racista, misógino, homofóbico, cognofóbico, nostálgico da ditadura, apologista da tortura.
E de que maneira derrotar o petê poderia justificar o apoio a um candidato assim.
Mas tudo bem. Deixemos isso para lá. Também não precisamos perguntar sobre o golpe de 2016, a Lava Jato, o desmonte da Constituição.
Basta uma pergunta: se o segundo turno de 2018 se repetisse hoje, Lya Luft votaria no Haddad?
Quem não responde “sim”, com força e clareza, a essa pergunta, mostra que seu incômodo com Bolsonaro é firula e que seu apreço à democracia é balela.