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Por Luis Felipe Miguel
Os países ricos, EUA à frente, anunciam com fanfarras que vão doar 1 bilhão de doses de vacinas.
A OMS afirma que são necessárias no mínimo 11 bilhões de doses para conter a pandemia nas áreas mais pobres do globo.
A doses doadas serão entregues até o final… do ano que vem.
A OMS precisa de pelo menos 1 bilhão de doses até setembro próximo para evitar a disseminação de novas cepas.
A doação não prevê ajuda com os custos de logística, certamente desafiadores em países com grande população não urbana e infraestrutura precária, em que muitas vezes falta energia elétrica, que dirá ultracongeladores como os exigidos, por exemplo, pela vacina da Pfizer.
Quem sabe o Brasil oferece os préstimos do general Pazuello, o ás da logística bolsonarista.
Índia e África do Sul lideram campanha pela suspensão das patentes. Segundo estimativas, a medida representaria uma redução de 92% no custo da vacinação.
A Comissão Europeia é contra, argumentando que o problema não é a patente, mas a falta de know how. Não seria o caso então de quebrar as patentes e simultaneamente transferir know-how?
Eu me pergunto onde estão aqueles que, no começo do ano passado, diziam que a pandemia abria as portas para uma “política global de solidariedade” (como disse Butler), quando não para o comunismo (como queria Žižek).