Seca extrema: Brasil tem média de 100 dias seguidos sem chuvas

Atualizado em 28 de setembro de 2024 às 8:23
Usina Hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia, com nível extremamente baixo em dezembro de 2015; o estado ainda continua tendo um dos piores índices de estiagem do país. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil.

Em 60 anos, o número de dias consecutivos sem chuvas no Brasil aumentou de 80 para 100, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Esse crescimento indica que o período seco no país está se tornando mais intenso, um claro sinal, segundo especialistas, de que as mudanças climáticas já estão em curso.

A pesquisa revela que a estiagem está se tornando uma característica constante do clima no Brasil. O levantamento analisou dados das estações pluviométricas espalhadas por todo o território nacional, dividindo o período em dois intervalos: de 1961 a 1990 e de 1991 a 2020.

Os resultados apontam que, entre 1961 e 1990, o país enfrentava uma média de 80 a 85 dias consecutivos sem chuva. No intervalo seguinte, de 1991 a 2020, esse número subiu para 100 dias, representando um aumento de 25%.

O estudo também identifica as áreas mais vulneráveis à estiagem, destacando o Nordeste, o Centro-Oeste e algumas partes do Sudeste. Essa alteração aponta para uma mudança significativa no padrão de seca, semelhante ao que se observa atualmente.

Entre os estados com os piores índices de estiagem estão Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão, Bahia, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e partes de São Paulo.

A seca no Brasil e o exemplo do Ceará - Congresso em Foco
Estiagem no Ceará: estado tem o pior índice do fenômeno no Brasil. Foto: reprodução

O levantamento faz parte de uma série de pesquisas voltadas para compreender o “novo clima” no Brasil. Além do aumento no período de estiagem, os dados indicam outras mudanças climáticas preocupantes, como o aumento da temperatura em até 3°C, o crescimento no número de ondas de calor e a intensificação de chuvas extremas, como as que ocorreram recentemente no Rio Grande do Sul.

Os resultados desses estudos servirão como base científica para a formulação do Plano Clima Adaptação, aprovado neste ano após a tragédia no Rio Grande do Sul. A proposta é que essas informações auxiliem o poder público na implementação de ações que minimizem os impactos das mudanças climáticas no país.