Em meio a um dos mais severos períodos de seca na história do Brasil, boa parte do país está sofrendo com a falta de chuvas e a consequente fumaça das queimadas. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), várias capitais estão entre as mais afetadas. Belo Horizonte, por exemplo, não registra precipitações há 147 dias, sendo a cidade com o maior período sem chuvas. Brasília e Goiânia seguem logo atrás, com 143 e 141 dias, respectivamente.
A lista de capitais mais afetadas pela seca inclui ainda Cuiabá, com 118 dias sem chuva, e Palmas, que já soma 116 dias. A situação se reflete diretamente no clima e na qualidade do ar, que atingiu níveis alarmantes em diversas regiões do país.
As 10 capitais com mais tempo sem chuva, segundo o Inmet, são:
- Belo Horizonte (MG) – 147 dias
- Brasília (DF) – 143 dias
- Goiânia (GO) – 141 dias
- Cuiabá (MT) – 118 dias
- Palmas (TO) – 116 dias
- Teresina (PI) – 57 dias
- São Luis (MA) – 45 dias
- Fortaleza (SC) – 24 dias
- São Paulo (SP) – 16 dias (medição realizada no Mirante de Santana)
- Manaus (AM) – 6 dias
Além da capital, o norte de Minas Gerais também sofre com o longo período sem chuva. Pelo menos 10 cidades, como Porteirinha, Pai Pedro e Catuti estão há 158 em seca.
“O padrão de chuva zero fora do semiárido por tantos meses é completamente anômalo”, explicou Ana Paula Cunha, pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemadem). Segundo ela, o fenômeno climático expõe a vegetação e o solo a um ciclo vicioso: sem umidade suficiente, não chove, e a falta de chuva agrava ainda mais a secura do solo.
Os impactos dessa seca prolongada vão além da falta de água e se manifestam também na qualidade do ar. Dados do Índice de Qualidade do Ar (AQI), obtidos pela plataforma global IQAir, mostram que capitais em várias regiões enfrentam condições extremamente prejudiciais.
Porto Velho, em Rondônia, apresenta um dos piores cenários, com uma classificação de 207, considerada “muito insalubre” para toda a população, enquanto. Essa situação pode causar graves problemas respiratórios, especialmente para grupos vulneráveis.
De acordo com o IQAair, de 0-50, a avaliação é boa; de 51-100, moderada; de 101-150, insalubre para grupos sensíveis; de 151-200, insalubre; de 201-300, muito insalubre; e de 301 até 500, perigoso. Outras capitais, como Campo Grande (181), Cuiabá (166) e Florianópolis (158), também registram índices preocupantes, com a qualidade do ar atingindo níveis “insalubres”.
Porto Alegre aparece com um índice de 155, colocando a capital gaúcha entre as cidades com o ar mais poluído do Brasil. No Sudeste, São Paulo registrou 126 pontos no índice de qualidade do ar, considerado “não saudável” para pessoas com doenças respiratórias, como asma e bronquite.
O cenário atual também traz preocupações para as regiões Norte e Nordeste. Rio Branco, no Acre, registrou 152 pontos no AQI, enquanto a capital do Amazonas, Manaus, tem uma qualidade de ar de 66, considerada “moderada”. No Nordeste, embora a situação seja menos grave, capitais como Salvador (52) e Teresina (55) também apresentam níveis de poluição preocupantes.
A expectativa é que, com o avanço da primavera e a chegada das primeiras chuvas, a situação comece a melhorar. No entanto, especialistas alertam para os riscos imediatos à saúde, especialmente para pessoas com condições respiratórias preexistentes, crianças e idosos.