
O secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Mozart Sales, criticou nesta quarta-feira (13) a decisão dos Estados Unidos de revogar seu visto, classificando a medida como injusta. A sanção foi anunciada pelo secretário de Estado americano, Marco Rubio, e está ligada ao programa Mais Médicos, criado para suprir vagas no Sistema Único de Saúde (SUS) com profissionais cubanos entre 2013 e 2018. Segundo o governo norte-americano, a contratação de médicos estrangeiros nesse formato caracterizaria “trabalho forçado”.
Em publicação nas redes sociais, Mozart, um dos idealizadores do programa, afirmou que a decisão “não tira a certeza de que o Mais Médicos é um programa que defende a vida e representa a essência do SUS”. Ele também ressaltou que médicos cubanos já atuavam em outros países em iniciativas de cooperação internacional e que, no Brasil, a presença desses profissionais ajudou a ampliar o atendimento em regiões com déficit de médicos.
O programa foi lançado em 2013, durante o governo Dilma Rousseff, e previa a contratação de médicos brasileiros e estrangeiros para atuar em municípios distantes, áreas rurais e comunidades carentes. A vinda dos cubanos foi viabilizada por um acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), e os salários eram pagos ao governo de Cuba, que enviava os profissionais.
.@StateDept is taking steps to impose visa restrictions on several African, Cuban, and Grenadian government officials complicit in the Cuban regime’s coerced forced labor export scheme. We are committed to ending this practice. Countries who are complicit in this exploitative… https://t.co/O1AiY93AXc
— Secretary Marco Rubio (@SecRubio) August 13, 2025
Mozart Sales é médico, servidor de carreira do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, da Universidade de Pernambuco, e doutor em saúde integral. Ele exerceu mandato de vereador no Recife entre 2004 e 2008 e, antes de ocupar a atual função no Ministério da Saúde, atuou como chefe de gabinete na Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República até 2010.
No Ministério da Saúde, Mozart foi assessor do ministro entre 2003 e 2004, chefe de gabinete de 2011 a 2012 e secretário nacional de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde de fevereiro de 2012 a abril de 2014. Foi nesse período que o Mais Médicos foi implementado, buscando ampliar o acesso à saúde básica no país.
A medida do governo americano faz parte de um pacote de sanções que também atingiu outros servidores públicos e ex-integrantes de governos que participaram de acordos para envio de médicos cubanos. Marco Rubio afirmou que as restrições de visto se aplicam a “funcionários governamentais cubanos e cúmplices de terceiros países” e que o objetivo é responsabilizar o regime de Cuba e aqueles que lucram com o trabalho dos profissionais.
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