
O 1º sargento da Polícia Militar, Eros Rogério Barros Araújo, foi destituído de seu cargo comissionado na Casa Civil após registrar um boletim de ocorrência no início de fevereiro. No documento, ele denunciou as condições precárias enfrentadas pelos policiais militares responsáveis pela segurança da família do governador Mauro Mendes (União) em uma residência de serviço localizada no Estado de São Paulo.
No relato, Eros afirmou sentir-se constrangido e coagido, alegando que sua privacidade estava sendo violada devido à presença de câmeras de segurança no local, que monitoravam até momentos íntimos, como a troca de roupa e períodos de descanso.
Segundo ele, essa situação gerou um forte abalo psicológico, pois sua intimidade foi exposta sem consentimento. O sargento também destacou que os demais policiais que atuam na residência compartilham do mesmo sentimento de coação, mas evitam denunciar por medo de perderem suas funções na proteção de autoridades.
“Registro que naquela residência oficial de serviço as condições são deploráveis, onde os policiais militares dormem no chão amontoados uns nos outros, sem nenhuma dignidade humana para os que ali frequentam”, afirmou no boletim.
Ainda conforme a ocorrência, Eros alegou que a instalação da câmera foi determinada pelo tenente-coronel Turbino, chefe do gabinete militar.

Contestação e investigação
Após a denúncia de Eros, o tenente-coronel Turbino procurou a delegacia para contestar as acusações. Ele negou a existência de uma residência oficial de segurança em São Paulo, explicando que o imóvel em questão pertence a um servidor que disponibiliza o espaço para os policiais.
Turbino também argumentou que os militares que prestam serviço na capital paulista recebem diárias para cobrir hospedagem e alimentação, sendo de responsabilidade de cada um decidir onde permanecer.
“As alegações de Eros Rogério sobre a instalação ilegal de câmeras de monitoramento e as condições inadequadas do alojamento não são verdadeiras. Ele registrou um boletim de ocorrência com informações falsas”, diz trecho do documento.
O tenente-coronel ainda solicitou a abertura de uma investigação para apurar a possível prática dos crimes de denúncia caluniosa e falsa comunicação de crime, além da adoção de medidas para resguardar sua honra e reputação.
Exoneração após a denúncia
Diante da situação, o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União), decidiu exonerar Eros Rogério Barros Araújo do cargo comissionado que ocupava na Casa Civil. A decisão foi oficializada e publicada nesta terça-feira (04.02).