Parlamentares do Congresso afirmam que não há ambiente político para retomar a discussão sobre anistia ou reavaliação das penas do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos demais condenados pelo plano golpista. Integrantes das cúpulas da Câmara e do Senado avaliam que a falta de mobilização pública após a prisão de Bolsonaro, efetivada há três dias, esvaziou qualquer tentativa de reabrir o tema ainda neste ano legislativo. Com informações da Vera Magalhães, no Globo.
Hugo Motta, presidente da Câmara, comemorou a aprovação do projeto que endurece penas e amplia instrumentos contra facções criminosas. Aliados afirmam que ele não pretende iniciar novo confronto entre governo e oposição radicalizada, especialmente porque pautas dessa natureza não unificam o Centrão, bloco político ao qual é próximo. A avaliação é de que não há espaço para transformar o plenário em novo foco de embate por anistia.
O calendário legislativo também pesa contra a abertura de uma nova frente de debate. Restam poucas semanas para votação da LDO e do Orçamento de 2026, e há possibilidade de que o projeto das facções retorne à Câmara. A prioridade da Mesa é concluir essas etapas. Além disso, circulam no Congresso imagens de uma tornozeleira eletrônica danificada por Bolsonaro com um ferro de solda, episódio que gerou silêncio entre lideranças da direita.

Senadores e deputados relatam que o desgaste causado pelo confronto prolongado entre Congresso e Supremo Tribunal Federal reduz o interesse em novas disputas com o Judiciário. O entendimento predominante é que iniciar embate sobre anistia traria prejuízos institucionais em ano pré-eleitoral. O silêncio de figuras da direita desde a revelação sobre a tentativa de danificar a tornozeleira reforçou esse diagnóstico.
Nem mesmo o atual distanciamento de Davi Alcolumbre em relação ao governo federal foi suficiente para animar parte da direita a reaproximar o Senado da pauta da anistia. Nesta terça-feira (25), Alcolumbre e Hugo Motta receberam o presidente do STF, Edson Fachin, em reunião no Congresso. Na ocasião, Alcolumbre afirmou que o “diálogo permanente e responsável entre os Poderes” é essencial para análise de propostas que impactam o sistema de Justiça.
Aliados de Alcolumbre e Motta afirmam que ganha força entre partidos do Centrão a defesa de que a direita lance, em 2026, um candidato que não carregue o sobrenome Bolsonaro. A avaliação é que a disputa presidencial exigirá um nome capaz de ampliar o diálogo político e reduzir desgastes institucionais acumulados nos últimos anos.