Sem apoio no Congresso, ofensiva por anistia de Bolsonaro perde fôlego

Atualizado em 25 de novembro de 2025 às 21:06

Parlamentares do Congresso afirmam que não há ambiente político para retomar a discussão sobre anistia ou reavaliação das penas do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos demais condenados pelo plano golpista. Integrantes das cúpulas da Câmara e do Senado avaliam que a falta de mobilização pública após a prisão de Bolsonaro, efetivada há três dias, esvaziou qualquer tentativa de reabrir o tema ainda neste ano legislativo. Com informações da Vera Magalhães, no Globo.

Hugo Motta, presidente da Câmara, comemorou a aprovação do projeto que endurece penas e amplia instrumentos contra facções criminosas. Aliados afirmam que ele não pretende iniciar novo confronto entre governo e oposição radicalizada, especialmente porque pautas dessa natureza não unificam o Centrão, bloco político ao qual é próximo. A avaliação é de que não há espaço para transformar o plenário em novo foco de embate por anistia.

O calendário legislativo também pesa contra a abertura de uma nova frente de debate. Restam poucas semanas para votação da LDO e do Orçamento de 2026, e há possibilidade de que o projeto das facções retorne à Câmara. A prioridade da Mesa é concluir essas etapas. Além disso, circulam no Congresso imagens de uma tornozeleira eletrônica danificada por Bolsonaro com um ferro de solda, episódio que gerou silêncio entre lideranças da direita.

Tornozeleira de Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução

Senadores e deputados relatam que o desgaste causado pelo confronto prolongado entre Congresso e Supremo Tribunal Federal reduz o interesse em novas disputas com o Judiciário. O entendimento predominante é que iniciar embate sobre anistia traria prejuízos institucionais em ano pré-eleitoral. O silêncio de figuras da direita desde a revelação sobre a tentativa de danificar a tornozeleira reforçou esse diagnóstico.

Nem mesmo o atual distanciamento de Davi Alcolumbre em relação ao governo federal foi suficiente para animar parte da direita a reaproximar o Senado da pauta da anistia. Nesta terça-feira (25), Alcolumbre e Hugo Motta receberam o presidente do STF, Edson Fachin, em reunião no Congresso. Na ocasião, Alcolumbre afirmou que o “diálogo permanente e responsável entre os Poderes” é essencial para análise de propostas que impactam o sistema de Justiça.

Aliados de Alcolumbre e Motta afirmam que ganha força entre partidos do Centrão a defesa de que a direita lance, em 2026, um candidato que não carregue o sobrenome Bolsonaro. A avaliação é que a disputa presidencial exigirá um nome capaz de ampliar o diálogo político e reduzir desgastes institucionais acumulados nos últimos anos.