
Após o ataque que deixou uma integrante da Guarda Nacional morta perto da Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu na última sexta-feira (28) “pausar permanentemente” a migração de todos os “países do Terceiro Mundo”. A declaração, feita na rede Truth Social, marca a intensificação de medidas anti-imigração em seu governo e amplia o alcance das ações já implementadas desde que reassumiu o cargo.
A fala de Trump ocorre dois dias após o atentado cometido por Rahmanullah Lakanwal, 29, um cidadão afegão que recebeu asilo neste ano. Segundo documentos obtidos pela Reuters, ele entrou no país com apoio de um programa de reassentamento do governo Biden após a retirada de tropas estadunidenses do Afeganistão, em 2021. No ataque em Washington, Sarah Beckstrom, 20, morreu, e Andrew Wolfe, 24, ficou ferido.
Questionado pela Reuters sobre a referência a “países do Terceiro Mundo”, o Departamento de Segurança Interna citou apenas a lista de nacionalidades já afetadas por proibições ou restrições migratórias, que não inclui o Brasil. Entre os países mencionados estão Afeganistão, Cuba, Venezuela, Haiti e diversas nações da África, Ásia e Oriente Médio.
Trump não detalhou os critérios usados para classificar esses países nem explicou os impactos da proposta. Em sua publicação, afirmou que a medida buscaria “permitir que o sistema dos EUA se recupere totalmente” e prometeu encerrar “todas os milhões de admissões ilegais de Biden, incluindo aquelas assinadas pela caneta automática do sonolento Joe Biden”. Disse ainda que removeria “qualquer pessoa que não seja um ativo líquido para os Estados Unidos”.

O presidente também defendeu eliminar benefícios federais para “não cidadãos” e declarou que irá “desnaturalizar migrantes que minam a tranquilidade doméstica”, além de deportar qualquer estrangeiro considerado risco à segurança ou “não compatível com a civilização ocidental”.
Horas antes, o Departamento de Segurança Interna havia revelado que Trump ordenou uma revisão ampla dos casos de asilo aprovados na gestão Biden e dos green cards emitidos para cidadãos de 19 países. Após o ataque, o serviço de imigração suspendeu indefinidamente o processamento de pedidos relacionados a afegãos.
Embora Lakanwal estivesse legalmente no país, o caso fortaleceu o discurso de Trump, que tem enviado agentes de imigração para grandes cidades estadunidenses com a meta de atingir níveis recordes de deportações, inclusive de residentes de longa data e pessoas sem antecedentes criminais. Dados do ICE mostram que mais de dois terços dos cerca de 53 mil detidos até 15 de novembro não tinham condenações.
Nas redes, Trump afirmou que só uma política de “MIGRAÇÃO REVERSA” poderia resolver a situação, expressão frequentemente usada por movimentos da ultradireita global. Procurados pela Reuters, nem o serviço de imigração nem a Casa Branca comentaram as declarações.
Lista de países alvos da revisão de green card:
- Afeganistão
- Chade
- Congo
- Eritreia
- Guiné Equatorial
- Haiti
- Irã
- Iêmen
- Líbia
- Mianmar
- Somália
- Sudão
- Burundi
- Cuba
- Laos
- Serra Leoa
- Togo
- Turcomenistão
- Venezuela