Sem noção, Eduardo Bolsonaro cita tenente fiel até a morte ao comunista Prestes, que o considerava “irmão”

Atualizado em 31 de dezembro de 2020 às 13:26
A revolta do forte de Copacabana: os tenentes Eduardo Gomes, Mário Tamarindo Carpenter, Newton Prado, o civil Otávio Correa e um soldado não identificado

Que Eduardo Bolsonaro é um ignorante, como seu pai, até os azulejos de Athos Bulcão no Brasília Palace Hotel sabem.

Mas ele sempre surpreende.

Numa postagem truncada neste dia 31, Eduardo resolveu citar o tenente Antônio de Siqueira Campos.

“À Pátria tudo se deve dar, sem nada exigir em troca, nem mesmo compreensão”, escreveu.

Siqueira Campos foi um dos heróis da Revolta dos 18 do Forte de Copacabana em 1922 e mártir do tenentismo.

Era considerado pelo comunista mais famoso do Brasil, Luís Carlos Prestes, seu líder, “um irmão”, alguém com quem ele dividiu “anos de terríveis sacrifícios”.

Esteva com Prestes em sua coluna em 1924 e participou da articulação da Revolução de 30, que levou Getúlio Vargas ao poder.

Foi instrumental na derrubada da República Velha e da oligarquia cafeeira a partir da insatisfação com a eleição de Artur Bernardes.

A Revolta dos 18 do Forte foi liderada pelo tenente-coronel Euclides Hermes da Fonseca, filho do Marechal Hermes da Fonseca.

Havia 301 combatentes quando o Exército começou o bombardeio. Sobraram 28 após a prisão de Euclides, que saiu para negociar com os adversários.

Os que ficaram sob o comando do valente Siqueira Campos saíram em marcha pela Avenida Atlântica. Alguns fugiram e restaram dezoito.

No fim da caminhada, sobreviveram apenas Siqueira Campos e Eduardo Gomes, feridos. O restante pereceu em combate desigual.

A frase usada por Eduardo foi cunhada em resposta à indagação de uma mulher se valeriam a pena os esforços dos revolucionários, já que não encontravam reconhecimento por parte da maioria de seus patrícios.

Foi fiel a Prestes até o fim. Morreu num acidente de avião.

Como o governo Washington Luís proibisse que trouxessem seu corpo, este foi trasladado para o cemitério central de Montevidéu com grande acompanhamento, tendo à frente Prestes.

Com a vitória de Getúlio, foi promovido post-mortem a capitão e, em seguida, a major em 8 de janeiro de 1931.

Jair Bolsonaro virou capitão depois de uma expulsão disfarçada de reforma.